Doria piorou ainda mais sua situação no PSDB

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Foto: Pablo Jacob/Divulgação

Depois do vai-não-vai calculado que abalou o ninho tucano ontem, o agora ex-governador de São Paulo João Doria descreveu como “comportamento estratégico” o jogo com o qual arrancou a fórceps a garantia do PSDB de que será candidato à Presidência da República. Falou sem rodeios sobre como nasceu a carta assinada pelo presidente do partido, Bruno Araújo, e disparou contra o governador gaúcho, Eduardo Leite, em quem imprimiu o selo de golpista.

Doria conseguiu o que vinha tentado obter havia tempo. Desde o início da semana, a equipe do governador foi mobilizada para distribuir informações a respeito do apoio de líderes do partido a sua candidatura. Em reservado, aliados do presidenciável até brincavam com esta colunista que estavam obrigados a qualquer custo a emplacar notícias a respeito das manifestações de caciques como Fernando Henrique Cardoso e José Serra em defesa do respeito às prévias.

Em uma das conversas que teve na tarde de ontem, Doria, segundo interlocutores, disse ao comando do PSDB que precisava da garantia de que seria candidato de todo o partido e não de si mesmo. O endosso veio de papel passado, diante da ameaça de implosão da legenda. Mas, em política, assinatura não é tudo, como lembravam no fim da tarde de ontem alguns colegas de partido do presidenciável. No fim do dia, em especial pessoas próximas a Rodrigo Garcia não disfarçavam a irritação. Afirmavam em reservado que Doria deveria, agora, se preparar para uma campanha solitária.

Depois de descreverem Doria como traidor, tucanos ligados a Garcia passaram a falar em “jogo baixo” e “enganação” contra as mesmas pessoas que, a partir de hoje, deveriam trabalhar para ajudá-lo a se viabilizar como terceira via na corrida presidencial. “Ele pode ter certeza de que, daqui para frente, ele vai sem ninguém”, disse um tucano à coluna.

Mas há também a avaliação de que Doria conseguiu, de fato, atingir a mobilização em apoio a Eduardo Leite dentro do PSDB. Foi com essa convicção que o presidenciável foi para cima do governador gaúcho, a quem descreveu como “um candidato que perdeu não teve a dignidade, o brio e a honra de reconhecer a derrota”. Mas aliados de Leite já avisaram: a disputa não acabou.

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