Governo de MG abole condecoração histórica

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Foto: Gil Leonardi/Imprensa MG

O governo de Minas Gerais não terá medalhas da Inconfidência para entregar no próximo dia 21 de abril em Ouro Preto, data em que é comemorado o Dia de Tiradentes.

A cerimônia, que tradicionalmente conta com discurso do governador do estado, cargo ocupado atualmente por Romeu Zema (Novo), será realizada na cidade, mas os homenageados receberão apenas um diploma.

A lista de quem ganhará a medalha em 2022 ainda não foi divulgada. Já é certo, no entanto, que o orador da cerimônia será o presidente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD). O orador do 21 de abril em Ouro Preto é o único a fazer discurso, além do governador.

A falta das medalhas ocorreu porque o governo de Minas Gerais, por causa da pandemia da Covid-19, só decidiu que realizaria a comemoração no dia 10 de março, quando faltavam, portanto, 41 dias para a data.

“Quando acionaram a empresa que produz as medalhas foram informados que não haveria tempo hábil para que fossem produzidas”, afirmou o prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo (PV), integrante do conselho que escolhe quem receberá a homenagem.

Questionado sobre os motivos que levaram à não entrega das medalhas no dia 21, o governo de Minas informou apenas que a homenagem será concedida este ano, sem dizer quando.

Por causa exatamente da pandemia da Covid-19, as comemorações do dia 21 de abril em Ouro Preto não foram realizadas em 2020 e 2021.

Durante o 21 de abril de 2019, o presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), receberia a medalha das mãos do governador. Porém, não compareceu à cerimônia.

Em vídeo divulgado por correligionários no estado, Bolsonaro à época se desculpou por não poder ter ido a Ouro Preto e afirmou que isso ocorreu devido a compromissos familiares.

Os homenageados são escolhidos pelo conselho do qual o prefeito de Ouro Preto participa juntamente com representantes do governo, da Assembleia Legislativa, do TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais), universidades, entre outros. Depois, os nomes são colocados em votação no conselho.

Por parte do governo, já ficou decidido que haverá apenas uma indicação este ano, a de uma enfermeira, segundo Oswaldo.

Em nota, o governo Zema se esquivou sobre a entrega das homenagens no dia 21 em Ouro Preto. “As medalhas da Inconfidência e os diplomas serão entregues em 2022. No momento, não é possível dar detalhes sobre o evento de 21 de abril, pois a dinâmica da cerimônia está em alinhamento pelas equipes designadas”.

Segundo o prefeito de Ouro Preto, apesar de não ter a entrega das medalhas, outras partes da cerimônia ocorrerão normalmente, como a colocação de coroa de flores sob a estátua de Tiradentes na praça que leva o seu nome.

Em seguida, conforme Angelo Oswaldo, a cerimônia será transferida para o centro de convenções da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), onde os homenageados receberão os diplomas.

A etapa seguinte será o discurso pelo presidente do Congresso Nacional. Em gestões anteriores, os pronunciamentos eram realizados na própria praça.

O prefeito de Ouro Preto afirmou ainda que as medalhas referentes a 2022 serão entregues em data não definida até o momento, mas no Palácio Tiradentes, onde funciona a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

Durante os anos em que foi realizada na Praça Tiradentes, em Ouro Preto, a entrega da Medalha da Inconfidência se transformou tradicionalmente em um momento de manifestação sobretudo contra os governos estaduais.

Era comum ver professores e profissionais de saúde, por exemplo, com faixas nas mãos e fazendo coro com palavras contra quem comandava o estado. Dezenas de ônibus com manifestantes deixavam Belo Horizonte com destino a Ouro Preto para o protesto.

A Medalha da Inconfidência foi criada em 1952 pelo então governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, para homenagear personalidades que tenham contribuído para o desenvolvimento e projeção do estado. O número de agraciados oscila de ano para ano. Em 2019, por exemplo, a medalha foi entregue a 126 pessoas.

Já receberam a honraria o ex-presidente do Uruguai, José Mujica, em 2016, durante o governo de Fernando Pimentel (PT), e a ex-presidente da República, Dilma Rousseff (PT), em 2011, durante o governo de Antonio Anastasia, à época no PSDB, hoje ministro do TCU (Tribunal de Contas do Estado).

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também foi condecorado, em 2003, durante o governo de Aécio Neves (PSDB), hoje deputado federal. No mesmo ano foi homenageado pelo governador o apresentador de televisão Luciano Huck.

Folha