Liderança da extrema-direita gaúcha tem esperanças na terceira via

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Foto: Agência Senado

Ex-secretária do governo Eduardo Leite, Ana Amélia (PSD-RS) avalia que ainda há tempo de um nome de terceira via demonstrar competitividade na corrida presidencial e romper a polarização apontada pelas pesquisas entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ela deixou o comando da secretaria extraordinária de Relações Federativas e Institucionais do Rio Grande do Sul para disputar a eleição e tentar retornar ao Senado.

Ao Valor, Ana Amélia destacou que o cenário é imprevisível e disse que 2022 não é 2018. “Se amanhã aparecer um candidato de terceira via viável, ninguém sabe o que vai ser. 2022 não é 2018. Eu sou otimista. Eu acredito em milagres.”

Em breve entrevista, ela reconheceu que apoiará Leite na corrida ao Palácio do Planalto caso o ex-governador consiga se viabilizar para a disputa. Fará isso, segundo ela, “por questão de lealdade” e pela competência do ex-chefe.

Antes no PP, a ex-senadora migrou para o PSD, partido com o qual o próprio Leite flertou nos últimos meses antes de decidir ficar no PSDB e disputar a vaga de presidenciável com João Doria. O ex-titular do Palácio Piratini a incentivou a mudar de legenda em um momento que ainda considerava a migração e em que negociava com Gilberto Kassab. Ela nega ter ser se decepcionado pelo fato de o ex-chefe ter decidido permanecer na sigla tucana.

“Decepção? Não, absolutamente. Classifico como ato de coragem Leite abrir mão de mandato por coisa maior, de alto risco. Reconheço nele muitos valores e muitas qualidades, sobretudo a coragem, por ter renunciado do mandato para ver o que vai acontecer no futuro. Pode não acontecer nada. Ele abriu mão em nome de uma causa maior. Não é a casa dele, não é coisa pessoal dele”, disse Ana Amélia.

Ao comentar a gestão de Leite, a ex-secretária disse que é preciso reconhecer as privatizações como grandes feitos, já que o gaucho costuma resistir a esse tipo de proposta.

“Quando se analisar as reformas e as privatizações, é preciso ponderar sobre como é fazer uma privatização no Rio Grande do Sul, que é um estado que preza muito o estado como seu”, disse Ana Amélia, citando a resistência histórica em relação a uma possível privatização do Banrisul.

“O gaúcho considera como patrimônio seu. É mais ou menos como tentar privatizar o Internacional ou o Grêmio, que são valores que estão no íntimo do gaúcho, do orgulho gaúcho dizer: ‘esse é meu’. Esse pertencimento desses valores está na cabeça dos gaúchos, como estão o churrasco, o chimarrão, o CTG. São valores que ele não abre mão. É muito difícil ter sucesso e a população apoiar isso”, completou.

A ex-senadora disse ainda que levar adiante uma privatização no estado é diferente de fazer em São Paulo e no Rio de Janeiro e destacou que “só é capaz de arrolar dívida quem tem credibilidade para fazer isso” ao ser questionada sobre as medidas adotadas por Leite para reequilibrar as contas públicas.

“O mercado como eleitor é suficientemente inteligente para avaliar riscos e saber até onde vai o limite de segurança para ele para apostar em uma coisa ou em outra”, conclui Ana Amélia ao ser indagada se o programa do gaúcho não serviria apenas para atrair um eventual apoio do mercado financeiro ao seu nome em uma eventual participação na corrida presidencial.

Valor Econômico