Simone Tebet conta com mulheres emedebistas para virar presidente
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado
A senadora Simone Tebet (MS), pré-candidata do MDB à Presidência da República, não se impressionou com o encontro entre um grupo de correligionários e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na semana passada. Primeiramente, porque os senadores que estiveram com o petista jamais esconderam que o apoiarão ainda no primeiro turno por questões regionais.
Em segundo lugar, porque ela assegura ter apoio majoritário do partido para a disputa ao Palácio do Planalto. Simone acha que assim que o chamado “centro democrático” tiver um nome — que pode ser o dela —, a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro sofrerá um abalo. Além disso, lembra que a rejeição aos dois nomes mais bem colocados nas pesquisas de opinião vem das mulheres, algo que a senadora considera que a favorece.
Ela assegura, ainda, que não tem qualquer entendimento com o ex-governador gaúcho Eduardo Leite para que seja seu vice na chapa — salienta que o candidato tucano é o também ex-governador João Doria. A seguir, os principais trechos da conversa com o Correio.
Estamos falando de uma fotografia de quatro senadores a Lula. Temos 37 deputados federais e 13 senadores. É o maior número de prefeitos filiados. Temos algo em torno de 20 diretórios do MDB dos 27 totais com nossa candidatura. Estão dando um valor muito grande a um encontro natural. Renan Calheiros e Eunício (de Oliveira) sempre foram Lula e nunca esconderam isso. Precisam, inclusive, disso — no caso do Eunício, mesmo pela situação lá do estado (Ceará) por um processo de eleição, é compreensível. Não temos a unidade do partido e ninguém tem. Mas teremos unanimidade na convenção. Não tenho dúvida.
Não estou conversando com (o ex-governador do Rio Grande do Sul) Eduardo Leite sobre vice e jamais o faria. O PSDB fez uma escolha, certa ou errada eu não saberia responder. Isso é uma decisão interna do partido, que passou por prévias, um instrumento dos mais democráticos e mais importantes para fortalecer a democracia.
O vencedor foi o ex-governador (de São Paulo) João Doria. Então, até que se prove o contrário, até que o governador se pronuncie de forma contrária, ou que o próprio PSDB junto com o ex-governador chegue a outro denominador comum, não podemos nos pronunciar sobre decisões de outros partidos. A política é dinâmica e tudo pode acontecer, mas temos que aguardar os acontecimentos.
Não podemos esquecer que o Brasil é continental e estamos diante de um partido que tem o maior número de prefeitos espalhados pelo Brasil todo. Você tem alianças regionais importantes que não podem ser desprezadas e nunca foram desprezadas por nenhum partido. Eu dou exemplos do próprio presidente (Jair) Bolsonaro.
Ou acha que os deputados federais e senadores do Centrão, que apoiam Bolsonaro, vão estar no palanque com ele, mesmo que isso tire voto deles? Não vão. As alianças regionais no Nordeste são muito mais próximas do Lula para todos os partidos do que para Bolsonaro, porque é a única região em que Lula ainda pontua na frente nas pesquisas. Então, serve para o MDB e serve para os outros (partidos) também.
Fui procurada, não me ofereci. Demorei para assimilar a importância de uma candidatura própria do MDB nesse momento. Veio não só da base do MDB jovem, diversidade, afro, mulher, socioambiental, trabalhista, como veio a pedido dos próprios parlamentares. Boa parte deles e de diretórios regionais dizendo que nós precisamos de um palanque neutro e leve.
Uma puxa a outra, dá credibilidade nos espaços públicos ou na iniciativa privada, abre espaço. Graças a essa nova geração, essa nova mentalidade se faz presente, também, no voto. Mulher vota em mulher. O problema é que temos poucas mulheres porque, até pouco tempo atrás, a mulher não tinha o mesmo espaço de tempo de rádio, tevê e de fundo partidário eleitoral para disputar com equidade.
Tenho experiência política como a primeira mulher prefeita, vice-prefeita, primeira vice-governadora, a primeira presidente da comissão de combate à violência contra a mulher do Congresso, primeira líder da bancada do MDB, primeira mulher na nossa bancada feminina.
Além de ter sido a primeira mulher presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado e a primeira mulher a disputar a presidência do Senado. Vinte anos atrás, concordaria que mulher não votava em mulher, mas, especialmente nas últimas duas eleições, houve uma mudança radical na postura da mulher. Começamos um movimento e as redes sociais foram fundamentais para mostrar o protagonismo da mulher.
Se analisar, a maioria que não quer Lula nem Bolsonaro são mulheres. A maioria que rejeita Bolsonaro e rejeita Lula são mulheres. Então elas estão esperando alguém para votar. Temos um espaço para nos apresentar enquanto seres políticos, competentes, preparados, bem-intencionados, éticos. Temos propostas e, especialmente, um olhar diferenciado.
Temos dois candidatos que pontuam bem, mas chegaram em um teto porque têm uma rejeição grande. Como é que o presidente da República com 50%, mais de 50% de rejeição, pode estar no segundo turno? Falta opção, pois o centro, a frente democrática, não apresentou o nome. Quando falam “Ah!, têm poucos indecisos!”, não é verdade. Tem que olhar além dos indecisos, para aqueles que estão com um ou outro falta de opção — e tenho certeza de que você conhece muita gente na sua própria família nessa situação. As pessoas querem um caminho para a paz, para a pacificação política.