Surge evidência de que Bolsonaro está criando perfis falsos no Twitter

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Foto: Reprodução

Após o anúncio da compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk, nesta segunda-feira, as contas bolsonaristas tiveram um aumento vertiginoso no número de seguidores. Segundo a Bites Consultoria, o perfil do presidente Jair Bolsonaro foi o principal beneficiado pelo “boom”, ganhando 64 mil seguidores nos últimos dois dias. O quantitativo supera em mais de 10 vezes a média dos últimos 30 dias, que era de aproximadamente 4,3 mil expectadores novos. No entanto, para Christopher Bouzy, fundador do Bot Sentinel — plataforma digital que identifica contas administradas por robôs — ao menos 61 mil perfis foram criados na segunda.

Bouzy compartilhou as informações na noite desta terça-feira em seu perfil verificado na rede social. Na postagem, o fundador compartilhou uma lista com todas as novas contas.

 

A movimentação não se limitou ao perfil do chefe do Executivo. Os filhos do presidente também foram beneficiados pelo movimento. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que na manhã desta terça-feira comentou o assunto em suas redes postando um levantamento com os números de novos seguidores da família, também teve um crescimento significativo: da média diária de cerca de 1,2 mil seguidores, o quantitativo passou para cerca de 25 mil nos dias 25 e 26. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) também celebrou os novos seguidores, e publicou que a movimentação era “algo incrível”. Já o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi de 1,3 mil de média para 28 mil.

 

O “boom” se propagou aos apoiadores do presidente. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que tinha uma média diária de cerca de 1,8 mil novos seguidores, ganhou cerca de 32 mil novos expectadores nos dias 25 e 26. Já a conta do ex-secretário de Cultura Mário Frias, que recebia 53 usuários por dia, teve um aumento de cinco mil.

Nas redes, apoiadores do presidente alegam que a súbita ascensão dos perfis tem relação com mudanças no Twitter realizadas após a compra da plataforma por Elon Musk. O grupo ficou entusiasmado com a transação, baseado especialmente em um tuíte do bilionário em que o ele afirma esperar até “meus piores críticos permaneçam” na plataforma porque “é isso que significa liberdade de expressão”.

Mas o fundador da Bot Sentinel não acredita em uma conversão orgânica. “Não acho que dezenas de milhares de brasileiros decidiram criar novas contas ao mesmo tempo e seguir Bolsonaro porque Musk está comprando o Twitter”, pontuou. Em outra publicação, Bouzy lamenta os dados, os robôs identificados, e afirma: “Estamos prestes a entrar no inferno da desinformação”.
Procurado, o Twiiter informou que irá apurar internamente o caso.

Confira os número de novos seguidores em contas bolsonaristas

O crescimento de seguidores de Bolsonaro no Twitter nos últimos dois dias é o segundo de maior impacto no seu perfil desde que assumiu o comando do Planalto, em janeiro de 2019. O maior foi em 3 de janeiro de 2020, quando Bolsonaro ganhou 89 mil novos adeptos. A marca supera, inclusive, a repercussão do dia posterior a sua posse, quando alcançou a marca de 53 mil novos seguidores.
O fenômeno das últimas 48 horas no Twitter não se repete nas redes do presidente no Instagram e Facebook, onde mantém a estabilidade dos últimos dias em seguidores. Uma análise das redes dos principais opositores de Bolsonaro indica um aumento de seguidores também para Lula e Ciro Gomes, mas não da forma exponencial que ocorreu nas contas bolsonaristas.

A movimentação da militância de extrema-direita no Twitter pode ser comprovada não apenas no Brasil como internacionalmente. Dados da Bites Consultoria também indicam um crescimento de menções a Donald Trump nas redes após a venda da plataforma. O ex-presidente norte-americano foi citado 1,4 milhão de vezes em tuítes nesta segunda-feira, sendo a terceira maior marca dos últimos 12 meses. Só fica atrás do dia 16 de agosto de 2021, data em que o Talibã tomou o Afeganistão após a saída das tropas americanas do território e ele teve 1,7 milhão de menções, e do dia 24 de fevereiro de 2022, quando Trump acusou o atual chefe de Estado Joe Biden de ser responsável pela invasão russa à Ucrânia, com 1,9 milhão de citações.

O Globo