YouTube apaga outro vídeo de Bolsonaro sobre eleições
O YouTube Brasil removeu do ar nesta quarta-feira um vídeo do canal do presidente Jair Bolsonaro (PL) da plataforma por infração às regras. A informação é da Novelo Data, consultoria de monitoramento da rede social. O vídeo foi publicado no dia 12 de agosto de 2021, e traz a entrevista do presidente à rádio Jovem Pan Maringá. Ainda no ar pelo Facebook e no canal da Jovem Pan local, Bolsonaro contesta a lisura das eleições em 2018. O presidente ainda comenta sobre a CPI da Covid, e critica o ex-aliado, o deputado federal André Miranda, pelas acusações feitas à comissão sobre a compra da vacina Covaxin.
De acordo com a Novelo Data, este é o 35º vídeo retirado do canal de Bolsonaro no YouTube por violação de alguma regra. Além de propagar falsas informações sobre a Covid-19, uma nova regra determina a remoção de vídeos que incluíssem alegações falsas de que as urnas eletrônicas brasileiras foram hackeadas na última eleição presidencial, e de que os votos foram adulterados.
A Novelo Data, no entanto, relata também que quem infringe a determinação fica com o canal bloqueado por uma semana. O perfil de Bolsonaro, no entanto, segue no ar. Das 34 punições tomadas contra o canal do presidente, 33 foram causadas por desinformação sobre a pandemia da Covid-19.
Na entrevista, concedida em agosto do ano passado, Bolsonaro promoveu desinformação sobre fraude nas eleições. O presidente criticou a atuação do então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, à frente da Corte, e manteve acusações sem provas de fraudes na urna eletrônica.
— Por que alguns parlamentares resolveram votar contra o voto impresso, baseado no que? Se nós estamos oferecendo mais uma maneira de garantirmos a lisura por ocasião das eleições. Isso aí a gente não pode deixar de falar. Lógico que vou diminuir a pressão da minha parte, vou diminuir a pressão, sim, porque tem muita coisa a fazer pelo Brasil, mas não podemos esquecer — disse Bolsonaro em entrevista em agosto do ano passado.
Um estudo do pesquisador Marcelo Alves, do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, divulgado pelo jornal “Folha de S. Paulo” e pelo colunista Merval Pereira, apontou que o YouTube mantinha ar ao menos 1.701 vídeos com ataques ao sistema eleitoral e falsas acusações contra as urnas eletrônicas, com 67,7 milhões de visualizações.
Apesar da mudança de regra, a remoção desses conteúdos é lenta. A demora é explicada pelo fato de a maior parte dos vídeos que violam regras do YouTube ser detectada pela primeira vez por meio de sistemas automatizados. A avaliação interna é que o processo vai se aperfeiçoar com o tempo.
O Globo