A revista Time e o segundo ato de Lula

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Reprodução

A revista americana Time adiantou sua capa nesta quarta (4), voltada para uma entrevista com Lula, que prepara seu “segundo ato”, a nova etapa de sua vida política.

No trecho destacado via Instagram: “Na verdade, eu nunca desisti. A política vive em cada célula do meu corpo, porque eu tenho uma causa. E, nos 12 anos desde que deixei o cargo, vejo que todas as políticas que criei para beneficiar os pobres foram destruídas”.

A jornalista Ciara Nugent, enviada a São Paulo mais de um mês atrás, diz que ele foi “muito charmoso” e falou do passado, mas evitou detalhar o que pretende em economia: “Você tem que entender que, em vez de perguntar o que vou fazer, é só olhar para o que eu fiz”.

Nos enunciados da revista, “Presidente mais popular do Brasil retorna do exílio político com uma promessa de salvar a nação” e “Lula fala à Time sobre Ucrânia, Bolsonaro e a frágil democracia do Brasil”. Mas ele só aborda as ameaças à democracia indiretamente, por exemplo, dizendo que “Bolsonaro despertou ódios”.

Estende-se mais sobre a guerra, que tinha acabado de começar quando foi feita a entrevista. “Se semeio discórdia, colherei briga. Putin não deveria ter invadido a Ucrânia. Mas não é apenas Putin que é culpado. Os EUA e a União Europeia também são culpados. Qual foi o motivo da invasão da Ucrânia? Otan? Então os EUA e a Europa deveriam ter dito: ‘A Ucrânia não se juntará à Otan’.”

Sobre Zelenski: “Ele quis a guerra. Se não quisesse a guerra, teria negociado um pouco mais. É isso. Eu critiquei Putin quando estive na Cidade do México [em março], dizendo que foi um erro invadir. Mas não acho que alguém esteja tentando ajudar a criar a paz. As pessoas estão estimulando o ódio contra Putin. Isso não vai resolver as coisas!”.

Nugent abre o texto descrevendo como o ex-presidente deixou para trás o “primeiro ato” e prepara o segundo:

“O gênero que atribuímos a uma história de vida depende muito de como termina. A vida de Luiz Inácio Lula da Silva já completou vários arcos dramáticos. Primeiro, a jornada do herói: uma criança nascida na pobreza se muda para a cidade grande, sobe para liderar um sindicato e se torna o presidente mais popular da história do Brasil moderno. Em seguida, a tragédia: um estadista célebre é apontado num esquema de corrupção impressionante, enviado para a prisão e forçado a assistir do lado de fora enquanto os rivais desmantelam seu legado.”

“Os finais parecem não se encaixar, no entanto. Em abril de 2021, a suprema corte do Brasil anulou as condenações por corrupção que haviam excluído Lula –como ele é universalmente conhecido– da política em 2018, dizendo que um juiz tendencioso havia comprometido seu direito a um julgamento justo. A decisão bombástica colocou o Brasil a caminho de um confronto entre o esquerdista Lula e o atual presidente de extrema-direita, Jair Bolsonaro, nas eleições de outubro de 2022.”

Folha