Aliados de Bolsonaro acham que ele atacou pouco o Judiciário

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Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

Após participações modestas do presidente Jair Bolsonaro nas manifestações deste domingo, 1º de Maio, aliados do chefe do Executivo afirmaram que ele optou por ser “prudente” nos ataques ao Supremo Tribunal Federal como demonstração de que busca esfriar a tensão entre os Poderes. O tom mais moderado contrastou com discursos ao longo da semana passada, em que criticou ministros e chegou a promover um ato no Palácio do Planalto em apoio a Daniel Silveira (PTB-RJ), deputado condenado por ameaças de violência contra magistrados.

— O presidente é corajoso em tomar decisões necessárias, mas prudente na hora em que precisa fazer gestos políticos a outros Poderes — afirmou o deputado aliado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), presidente da Frente Parlamentar Evangélica.

O deputado Bibo Nunes (PL-RS) acrescentou:

— Ele foi apenas dar um apoio, porque é um momento um pouco tenso e não tem por que forçar qualquer situação. É uma postura de quem tem bom senso.

Orientado por alguns de seus conselheiros a não ir às manifestações deste domingo, o presidente fez rápidas aparições nos atos de Brasília e São Paulo – na capital federal, ele ficou por apenas 10 minutos e decidiu não discursar no carro de som e, na Av. Paulista, enviou apenas um vídeo de dois minutos que foi transmitido em um telão.

— Por que ele faria discurso contra o STF? Por qual motivo? Ele não está afrontando o STF, ele transcreveu a sentença do Daniel Silveira no decreto. Só cancelou, mas acatou — afirmou o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), referindo-se ao indulto concedido pelo presidente a Silveira após ter sido condenado a oito anos de prisão e 9 meses de prisão pelo Supremo.

Barros acrescentou:

— Está se tentando criar um clima de que foi ruim, não foi nada. Cada um fez o que achou que devia, dentro da sua atribuição. Não há conflito.

O deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), que participou do ato em Brasília, afirmou ainda que Bolsonaro evitou subir ao carro de som com o intuito de “não infringir a legislação eleitoral”.

— Ele precisa estar focado em governar o país. Para isso, precisa de paz — disse ele, que é amigo pessoal de Daniel Silveira.

Além do tom mais ameno e da participação tímida do presidente, os governistas também reconheceram que os atos foram bem menores do que os de 7 de Setembro. Segundo eles, isso ocorreu porque não houve campanhas tão fortes nas redes bolsonaristas.

— Claro que, tendo como parâmetro as manifestações do último 7 de setembro, os atos de hoje foram bem menores em volume, mas o ânimo de quem participou foi bastante intenso. Superou as expectativas — disse Sanderson.

Nunes complementou:

— Não dá para comparar com a adesão de 7 de setembro. Outro momento e outra importância.

No ato do Rio de Janeiro, os aliados ainda responsabilizaram a previsão de chuvas fortes para este domingo, que acabou não se concretizando.

— Muitos me disseram que não foram por causa dos efeitos das fortes chuvas e por causa da previsão de chuva forte que havia antes. Mas as manifestações foram bem positivas — disse o deputado Sargento Gurgel (PL-RJ).

O líder do governo ainda destacou que houve uma “boa adesão” se for levado em conta que os atos do Dia do Trabalhador costumam ser dominados pela esquerda, que fez manifestações a favor do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – mas também com menos participantes.

Assim como os governistas, a avaliação de ministros do Supremo é de que os atos tiveram baixa adesão e ocorreram sem sobressaltos. Embora façam a ponderação de que protestos contra o STF nunca seja algo positivo, a sensação é de que os atos deste domingo foram completamente diferentes do que foi visto no 7 de Setembro, quando manifestantes pró-governo tomaram a Esplanada dos Ministérios e ameaçaram invadir a sede do Judiciário.

Na ocasião, Bolsonaro chegou a fazer um discurso inflamado contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, chamando-o de “canalha” e dizendo que ou ele se “enquadrava” ou deveria “pedir para sair”.

Dos chefes dos poderes do Legislativo e do Judiciário, apenas o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, se pronunciou publicamente. Em sua conta no Twitter, ele escreveu que manifestações que pedem a “intervenção militar e o fechamento do STF” são “ilegítimas” e “anomais graves que não cabem em tempo algum”.

Nos protestos de hoje em Brasília e São Paulo, manifestantes levaram faixas e cartazes exigindo a destituição dos integrantes do Supremo.

O Globo