Ativista de extrema-direita que queria “trocar socos” com Moraes se aposenta
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A ativista de direita Sara Giromini, 29, decidiu abandonar o codinome pelo qual ficou conhecida no Brasil, Winter, e colocou em seu lugar o sobrenome do marido texano, Huff. Segundo ela, com isso ela também deixa para trás a militância de rua, da qual diz ter se aposentado definitivamente.
“Com ele [o codinome] tive muitos erros e acertos, mas definitivamente é hora de enterrá-lo e iniciar uma nova etapa em minha vida, honrando o nome do meu esposo”, afirma Sara ao Painel.
Ela diz que, a despeito de ter se casado com um norte-americano, por enquanto continuará morando no Brasil, pois, segundo ela, seu filho ficou traumatizado com sua prisão em 2020 e precisa apresentar melhora em seus tratamentos psicológico e psiquiátrico para poder sair do país.
O sobrenome fictício a acompanhava havia 14 anos, diz ela, por inspiração na cantora e violinista Emilie Autumn [autumn, em inglês, significa outono, e winter quer dizer inverno]. Portanto, argumenta, não há relação com Sarah Winter (1870-1944), inglesa da alta sociedade que supostamente se tornou espiã para a Alemanha nazista, como frequentemente é especulado.
Sara conta que conheceu seu marido Joseph Huff, 39, em um aplicativo de relacionamento durante uma viagem a trabalho para o México. Ela diz que ele tem quatro filhos e trabalha como técnico em uma planta química.
“Ele realizou meu sonho de nos casarmos no dia de Nossa Senhora de Fátima [13 de maio]. Um dos presentes de casamento que me deu foi um poema que me escreveu sobre Nossa Senhora. Aliás, ele me escreveu um poema por dia durante o tempo que ficamos longe, totalizando 34 poemas escritos à mão em um livro,” diz.
Sara percorreu um arco político peculiar nos últimos anos. Até 2012, fez parte do movimento feminista ucraniano Femen, com o qual posteriormente rompeu, autodenominando-se ex-feminista. Lideranças do Femen a criticaram anos depois e disseram que ela foi expulsa do movimento por espalhar mentiras.
Ela então engajou-se na luta contra o aborto e passou a ministrar palestras críticas ao feminismo, contando sua trajetória de ex-membro da causa.
Mais recentemente, Sara aproximou-se do governo Jair Bolsonaro (PL) e chegou a ser nomeada coordenadora nacional de políticas à maternidade do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, sob a gestão da então ministra Damares Alves, em 2019. Ela deixou o cargo no mesmo ano, em novembro.
Em 2020, ela foi uma das líderes do movimento 300 pelo Brasil, formado por bolsonaristas e suspeito de organizar e captar recursos para atos antidemocráticos e de crimes contra a Lei de Segurança Nacional. Em manifestações, membros do grupo dispararam fogos de artifício contra a sede do STF, em Brasília.
Ela se tornou alvo dos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos, foi presa e teve que usar tornozeleira eletrônica. Ela diz que foi liberada em julho do ano passado das medidas cautelares. Nesse período, afastou-se dos bolsonaristas.
Sara diz que ela e sua família “carregam as marcas do envolvimento íntimo com a política” e que agora precisam se cuidar.
“Tenho acompanhado as eleições de longe. Penso que as pessoas colocam muita fé na política partidária em ambos os lados. Acredito que o esforço que ambos os lados fazem para apoiar seus candidatos talvez fosse melhor empregado com ações de caridade em um nível local. Tenho a esperança de o Brasil mudará não por intermédio de um símbolo político, mas pelo aquisição e desenvolvimento de virtudes de maneira individual e também nas famílias”, responde.
Ela afirma que sua atuação na política não será partidária, e diz que não pretende se engajar em uma eventual disputa de segundo turno entre Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Sou católica e conservadora e desejo o melhor ao meu pais e ao povo brasileiro, que é quem sai perdendo diante disputas de poder. Não pretendo fazer campanha para ninguém”, conclui.