Há mais de ano empacado, Doria pede mais tempo para decolar
Na reunião do presidenciável tucano João Doria com a bancada do PSDB na Câmara, na noite da última quarta-feira, ele ganhou tempo. Diante do ceticismo de colegas com a candidatura dele, o deputado Carlos Sampaio (SP) sugeriu que fosse dado um prazo a Doria para ver o desempenho dele ao fim das inserções partidárias na TV.
Doria é a estrela da propaganda tucana, no ar até 10 de maio. Depois, querem colher o resultado nas primeiras rodadas de pesquisas, trabalhando ainda com o cenário de que a decisão saia em 18 de maio, o antigo dia D da terceira via. Até o fim do mês esperam saber se ele cresce nas pesquisas.
No jantar em Brasília, apenas um deputado falou explicitamente a favor de Doria, Nilson Pinto (PA). Eduardo Barbosa (MG) levantou objeções. Aécio Neves (MG), que é desafeto de Doria, não apareceu.
Mas a maioria ficou em silêncio. Um dos motivos alegados por um dos presentes foi o temor de represálias. Viabilize-se ou não como candidato, Doria emplacou uma peça-chave na distribuição de recursos do fundo eleitoral, o tesoureiro César Gontijo, seu fiel aliado.
Horas antes de sentar à mesa com a bancada federal, Doria ouviu um duro diagnóstico sobre sua situação atual no PSDB.
Ele se encontrou com Marcus Pestana, que coordenou as prévias tucanas, e ouviu dele que “ninguém no partido quer a sua candidatura”, segundo relatou um dos presentes.
Acrescentou que a propaganda não foi calibrada para ajudar Doria a superar a rejeição e o sentimento de desconfiança captados em pesquisas qualitativas.
Pestana sugeriu que restarão duas alternativas: ou Doria sai à Montoro, referindo-se ao ex-governador paulista Franco Montoro que abriu mão da disputa para arbitrar a disputa entre Ulysses Guimarães e Tancredo Neves em 1985, ou será um camicase, com risco de quebrar o partido.
Surpreso, Doria respondeu que levaria em conta as observações do ex-deputado mineiro, mas disse que se sente desafiado na adversidade, um sinal de que insistirá na segunda opção.
Estadão