Lula manda recado à Faria Lima sobre teto de gastos e lei trabalhista

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Foto: Fernando Donasci | Agência O Globo

O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha falou ontem novamente ao mercado financeiro em nome de Lula. E com o objetivo de sempre: acalmar a Faria Lima.

Desta vez, foi à XP para uma palestra de pouco mais de uma hora para um grupo de 20 investidores e economistas de fundos de investimentos e bancos.

Padilha tem sido um frequente enviado de Lula para conversas com o mercado financeiro — ninguém fala num evento desses sem a autorização do ex-presidente, que fique claro.

Já é a segunda vez que expõe suas ideias para uma plateia reunida pela XP (em abril, falou nos EUA num seminário organizado pelo banco). Há duas semanas, esteve no ItaúBBA e, na semana que vem, será ouvido por mais investidores num evento do Credit Suisse. Tem se credenciado, portanto, como um interlocutor para essa turma.

Médico e político com boa interlocução em vários setores, Padilha se encaixa num dos perfis que o entorno de Lula aposta para ocupar o ministério da Economia, se o PT voltar ao poder — Jaques Wagner é outro nome frequentemente citado.

Wagner e Padilha, aliás, jogam juntos nos bastidores e até em público. Recentemente, ambos almoçaram com um seleto grupo de empresários em São Paulo. O prato principal foi a “economia sob Lula”.

Ainda falta muita estrada para qualquer afirmação mais consistente sobre quem ocupará este cargo se Lula triunfar em outubro. Enquanto isso, Padilha tem sido alvo de fogo amigo.

Um dos que riscam o fósforo em conversas informais é Aloizio Mercadante, para quem “Padilha não tem a menor chance de ocupar um ministério econômico”, segundo disse a um interlocutor na semana passada.

E o que Alexandre Padilha disse ontem na XP?

*Inflação é um tema caro a Lula. De acordo com Padilha, Lula leva em conta o impacto inflacionário de cada medida que decide tomar. É uma preocupação constante.

*Lula não vê necessidade de divulgar uma nova Carta dos Brasileiros, como a de 2002, para tranquilizar os investidores.

*Será preciso mexer no teto de gastos. A revisão era prevista para ser feita em dez anos, mas teria que ser feita antes porque o mundo mudou, as condições hoje são outras.

*Nem a mudança no teto de gastos e nem a revisão da reforma trabalhista (não será revogada, segundo Padilha) serão feitas sem discussão com todos os interessados.

*A lei que deu autonomia ao BC no ano passado não será revogada.

*Será necessário investimento público para a retomada da economia.

*Lula tomará medidas que desagradarão ao mercado financeiro, mas o setor será sempre parte das discussões.

O Globo