Mais um nanico quer disputar Presidência
Foto: Maria Isabel Oliveira / Agência O Globo
Pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSD, Felício Ramuth integrou a base da gestão tucana no estado, mas agora pertence à oposição. Ex-prefeito de São José dos Campos, ele admite ter de superar o desconhecimento e rejeita a ligação tanto aos dois presidenciáveis melhor colocados nas pesquisa de intenção de voto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), quanto ao ex-governador paulista João Doria (PSDB).
O PSD provavelmente não terá candidato ao Planalto este ano, e o presidente da sigla, Gilberto Kassab, deve liberar o apoio dos diretórios. Quem o senhor apoiará?
Estamos aguardando o cenário se consolidar. Mas minha opção deve ser a caminho dessa terceira via ou das opções que podem surgir fora da polarização de Bolsonaro ou Lula.
O senhor administrou São José dos Campos, cidade escolhida pelo ex-ministro Tarcísio de Freitas como domicílio eleitoral. Teme perder para o bolsonarismo dentro de sua própria cidade?
É um péssimo exemplo a mudança de domicílio por conveniência eleitoral. E não vou falar só do Tarcísio de Freitas, mas também do (Sergio) Moro, da ex-ministra Marina (Silva). Do ponto de vista do cenário local, não (acho que vamos disputar voto), porque ele (Tarcísio) não tem qualquer vínculo com a região.
São Paulo pode repetir a polarização nacional. Como o senhor, que é muito pouco conhecido e não conseguiu formar uma grande aliança até agora, conseguirá romper esse cenário?
Entre 75% e 84% da população, na pesquisa espontânea, não escolheram seu candidato ao governo de São Paulo, até por conta da forte polarização. Avalio hoje que é a eleição mais aberta dos últimos 30 anos. O primeiro colocado na espontânea tem 5% dos votos. Acho que tudo caminha para que a gente tenha a oportunidade de levar nossas propostas e jeito de fazer gestão e política. Não estou ligado diretamente ao governo Lula, tampouco ao governo Bolsonaro, e também não estou ligado ao governo Doria. É uma pré-candidatura com independência do ponto de vista dos padrinhos e, ao mesmo tempo, experiência de quem já realizou numa cidade como São José dos Campos, uma das maiores do estado.
Pretende trazer Kassab para a sua campanha?
Ele já está na campanha, desde o primeiro dia. Kassab tem uma experiência na gestão pública ímpar, bem como dirigente partidário. Ele foi o prefeito mais bem avaliado ao término do seu primeiro mandato em São Paulo, e o candidato do PT, ao contrário, é o mais mal avaliado.
Qual o principal desafio da sua campanha?
Tornar-me conhecido.
Seu partido, o PSD, esteve na base de apoio ao governo Doria, uma gestão que tenta a reeleição agora com Rodrigo Garcia. Como candidato agora de oposição, que avaliação faz da gestão que seu partido apoiou há quatro anos?
Houve um equívoco na definição das prioridades. Nesse momento temos R$ 52 bilhões de superávit, fruto não de uma melhor gestão administrativa, mas do imposto inflacionário. Esse é o governo que teve a melhor qualidade técnica no seu corpo de secretários, mas muito distante do dia a dia das pessoas, da realidade das cidades. É um governo tecnocrata, e a tendência de um governo tecnocrata é inverter prioridades.
Qual foi a prioridade , então?
Percebemos muitos gastos dos contatos internacionais. Hoje o estado tem escritórios internacionais voltados a várias regiões e nós não vimos resultado disso na geração de emprego e renda, ao contrário, vimos aumento do ICMS e dificuldades das empresas exportadoras, justamente quem deveria usar esses escritórios, de recuperar créditos de exportação.
O que “importaria” de São José para o estado, se eleito?
Pretendemos implantar 30 mil câmeras de segurança com inteligência, com reconhecimento facial e leitura de placas, interligada com os sistemas federais, estaduais e com integração das forças de segurança. Além disso, valorizar o salário de entrada da Polícia Civil e melhorar a sua infraestrutura. Na sustentabilidade, temos o projeto Observa, que é uma constelação de satélites que fotografam a cidade a cada 72 horas para detectar qualquer tipo de desmatamento, loteamentos irregulares e construções em áreas de risco e áreas de preservação ambiental.
A Cracolândia continua a ser um problema de saúde, segurança e moradia que São Paulo não consegue resolver, nem gestões estaduais nem da prefeitura, como a de Kassab. O que fazer?
No primeiro dia como governador, vou chamar instituições que atuam na Cracolândia, como igrejas católica e evangélica, associações que prestam serviço, município, governo federal, secretaria de segurança, de apoio social, Ministério Público, Defensoria para que, em conjunto, fazer uma série de ações para atender àquela população. A situação da Cracolândia só será solucionada com vontade política de todos os envolvidos, compartilhando recursos, e tomando decisões conjuntas.