Nova embaixadora dos EUA assustou Bolsonaro

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Foto: Reprodução / Departamento de Estado dos EUA

Diplomatas ouvidos pelo GLOBO, tanto os favoráveis como os críticos ao governo do presidente Jair Bolsonaro, receberam bem as declarações de Elizabeth Bagley, indicada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à embaixada americana no Brasil. Agradaram, particularmente, dois pontos abordados por Bagley, nesta quarta-feira, durante sabatina no Senado dos EUA: ela chamou de “muito moderado” o chanceler Carlos França e elogiou o voto brasileiro na ONU condenando a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Segundo um interlocutor graduado da diplomacia brasileira, levando em conta as primeiras impressões deixadas por Bagley, é possível prever um “céu de brigadeiro” nas relações bilaterais. Dois embaixadores comentaram que as declarações relacionadas às eleições no Brasil e a confiança nas instituições democráticas já eram esperadas e têm sido ditas com frequência por autoridades americanas.

Entretanto, o que Bagley falou sobre eleições e democracia causou preocupação em bolsonaristas ligados ao Palácio do Planalto. Isto porque existe o temor de a futura embaixadora emitir opiniões que possam ser usadas eleitoralmente por candidatos adversários ao presidente Jair Bolsonaro.

Como membro ativo do Partido Democrata, Elizabeth Bagley tem posições pessoais e partidárias distantes das do governo Bolsonaro, observou outro interlocutor. A expectativa é que, quando a nova embaixadora chegar ao Brasil,” já teremos o resultado das eleições ou estaremos próximos disso”.

Bagley deve investir não apenas na promoção de negócios entre os dois países. Existe a aposta de que ela também dará prioridade a agendas de costumes caras aos democratas, como a valorização da mulher e apoio às minorias.

Ao contrário do que acontece no Brasil, quando o resultado da votação é conhecido no mesmo dia, Bagley continuará a responder perguntas, inclusive por escrito, até o fim desta semana. Depois sua indicação sera apreciada no plenário do Senado.

O Globo