Pesquisa da 3a via diz que Tebet tem mais chances que Doria

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Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Em reunião a portas fechadas, os presidentes do PSDB, MDB e Cidadania chegaram à conclusão nesta quarta-feira que a senadora Simone Tebet (MDB-MS) é mais viável eleitoralmente do que o ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB). Os três dirigentes — Bruno Araújo (PSDB), Baleia Rossi (MDB) e Roberto Freire (Cidadania) — combinaram entre si que vão levar agora o nome da parlamentar para ser referendado pela Executiva dos três partidos na próxima terça-feira.

A decisão foi baseada na análise de uma pesquisa feita pelo Instituto Guimarães, com mais de 2.000 entrevistados, no último fim de semana. Segundo interlocutores que participaram da reunião e tiveram acesso aos dados, Doria apareceu com uma rejeição acima de 50%, enquanto o índice de Simone ficou na casa dos 20%.

Apesar de Doria estar à frente nas intenções de voto, a leitura que imperou entre os dirigentes é que Simone teria mais espaço para crescer assim que se tornassem mais conhecida no país.

A pesquisa, sem registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), não foi divulgada oficialmente pelos presidentes dos partidos, que planejam consultar os respectivos partidos antes de bater o martelo sobre quem seria o candidato único da terceira.

No encontro, que foi realizado na sede do Cidadania, em Brasília, o professor Paulo Guimãres, do instituto que leva o seu nome, ainda apresentou uma leitura de que o pleito deste ano será a “eleição das mulheres”. E que a figura materna e menos afeita a conflitos de Tebet contaria a favor dela numa disputa polarizada entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) – os dois lideram as pesquisas eleitorais até agora.

Guimarães se recusou a informar os dados e frisou que a pesquisa foi feita para consumo interno. Mas afirmou que Doria apareceu com uma rejeição “monstruosa”, assim como Lula e Bolsonaro. Conforme os interlocutores, o levantamento mostrou que 59% dos entrevistados – ou seja, mais da metade – declararam que a polarização é ruim para o país. Esse número empolgou os três dirigentes.

Na saída do encontro, Araújo, Baleia e Freire não quiseram anunciar oficialmente a opção por Tebet, restringindo-se a dizer que consultariam antes a Executiva de cada partido para decidir o postulante de consenso.

— Terça-feira que vem fica público uma posição dos três partidos e se os três confirmam essa posição. E a partir daí inicia-se um processo de dois candidatos postos — afirmou Bruno Araújo. — Nós três chegamos a um consenso. Só que não somos nós que vamos decidir, não vai ser uma decisão individual minha, nem do Bruno, nem do Baleia — completou Freire.

A hesitação se deve ao fato de Doria dar sinais de que não está disposto a deixar o páreo e ter ameaçado recorrer à Justiça se não fosse lançado como pré-candidato do PSDB. Ele se fia no argumento jurídico de que o partido aprovou em prévias o nome dele como representante do partido na eleição presidencial.

Nesta terça-feira, boa parte dos dirigentes do PSDB se reuniram no diretório nacional, em Brasília, para ampliar a pressão para que o ex-governador desista da corrida à Presidência. O movimento foi capitaneado por seu opositor, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), que declarou ontem que ele está “atrapalhando” a campanha dos pré-candidatos aos governos estaduais. A Executiva tucana chegou a aprovar que o paulista fosse “convidado” para uma reunião na manhã desta quarta-feira, em Brasília. Mas ele declinou do convite.

Numa demonstração de que não está isolado dentro do PSDB, Bruno Araújo compareceu à reunião com os líderes do partido da Câmara, Adolfo Viana, e do Senado, Izalci Lucas — este último apoiou Doria nas prévias do partido.

Baleia, por sua vez, defendeu que a senadora não terá dificuldades para ser avalizada na convenção do MDB — diferentemente de Doria no PSDB. O ex-governador enfrenta uma forte resistência interna das alas ligadas ao deputado Aécio Neves (PSDB-MG), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Eduardo Leite (PSDB-RS).

O Globo