PSDB vai pular fora de Simone Tebet

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Cristiano Mariz/O Globo

As condições colocadas pelo presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, para que o partido apoie a pré-candidatura da senadora Simone Tebet (MDB) à Presidência da República foram vistas como “inalcançáveis” e como forma de protelar a decisão da sigla sobre um eventual embarque na postulação da emedebista, de acordo com avaliação de lideranças dos dois partidos.

PSDB e MDB tentam chegar a um consenso sobre um nome competitivo para superar a polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial.

Depois da desistência do ex-governador João Doria de concorrer à Presidência, Araújo vê divergências internas sobre o caminho que o PSDB deve seguir na eleição presidencial. O grupo do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) ainda quer que o partido aposte em uma candidatura própria, mas a ala do dirigente nacional tem simpatia pela aliança com Simone.

Apesar da sua preferência pela composição com a emedebista, o presidente nacional do PSDB disse que a aliança só sairá do papel caso o MDB aceite apoiar as postulações tucanas aos governos locais de Rio Grande do Sul, Pernambuco e Mato Grosso do Sul. A aliança no sul do país é considerada viável por integrantes das duas siglas, mas as outras duas possíveis dobradinhas são “praticamente impossíveis”.

Em Pernambuco, o MDB apoiará a candidatura do deputado Danilo Cabral (PSB) ao comando do Palácio do Campo das Princesas, o que inviabiliza um alinhamento às pretensões eleitora da ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB).

Sem espaço para concorrer a deputado estadual pelo MDB, Tony Gel e Jarbas Filho, filho do senador Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), foram abrigados no PSB, enquanto Severino Ninho fez o caminho inverso e fortalecerá a chapa emedebista que busca uma vaga na Câmara dos Deputados.

O eventual embarque do partido de Simone no bloco que apoiará Raquel na corrida pelo governo pernambucano determinaria um rompimento na aliança do MDB com Cabral. A eventual ruptura colocaria em xeque as pretensões de Tony e Jarbas de conseguirem uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco.

“Temos excelente relação com o PSDB e somos eleitores do PSDB no campo nacional, mas tenho uma aliança local consistente com o PSB. Nessas circunstâncias, é impossível fazer essa aliança com o PSDB em Pernambuco. Mas gostaríamos muito de caminharmos juntos na esfera federal em apoio à pré-candidatura de Simone”, disse o presidente do MDB de Pernambuco, Raul Henry ao Valor.

No Mato Grosso do Sul, o principal obstáculo para que MDB e PSDB caminhem juntos é a relação desgastada entre o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) e André Puccinelli (MDB), que é pré-candidato ao comando do Parque dos Poderes. O pessedebista tenta emplacar Eduardo Riedel como sucessor.

Antes aliados, os dois romperam em 2012 quando o tucano, que disputou a prefeitura de Campo Grande, decidiu não apoiar Edson Giroto, candidato apoiado por Puccinelli, que foi ao segundo turno e foi derrotado por Alcides Bernal (PP).

Dois anos depois, Azambuja foi eleito governador ao derrotar Delcídio do Amaral no segundo turno. Puccinelli apoiou Nelsinho Trad no primeiro turno e não apoiou na segunda etapa da disputa.

Em 2015, Puccinelli e Giroto foram alvos da Operação Lama Asfáltica, e o governo sul-mato-grossense, já sob o comando do tucano, colaborou com a força-tarefa da Polícia Federal.

Entre lideranças tucanas, prevalece a percepção de que a relação entre tucanos e emebistas no estado é muito próximas, mas ponderam que Puccinelli “é o principal obstáculo” para a união estadual.

“Há disposição no PSDB de oferecer ao MDB os espaços de vice-governador e de suplente de senador na chapa encabeçada por Riedel, mas para isso Puccinelli tem que ser página virada”, disse um expoente do PSDB-MS.

Apesar dos obstáculos nos dois Estados, tucanos e emedebistas estão otimistas sobre a composição entre as siglas no Rio Grande do Sul, com uma chapa formada por Eduardo Leite (PSDB) e o deputado estadual Gabriel Souza (MDB).

A aliança nacional pode até ser adiada por mais algumas semanas, mas prevalece o entendimento de que o grupo de Aécio está esvaziado e que o bloco de Araújo terá mais força para garantir a composição com Simone.

Valor Econômico