Vereador racista está a um passo da cassação em SP

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Afonso Braga/Câmara Municipal de São Paulo

A Câmara Municipal de São Paulo aprovou ontem, por unanimidade, a abertura de um processo contra o vereador Camilo Cristófaro (Avante), que pode levar à cassação do mandato do parlamentar depois de uma fala racista. Há três semanas, Cristófaro disse, durante uma sessão na Câmara, a frase “[é] coisa de preto”. “Eles arrumaram e não lavaram a calçada. Coisa de preto, né?”, afirmou o vereador.

As quatro denúncias apresentadas contra Cristófaro na Corregedoria da Câmara depois da declaração racista foram agrupadas em uma só, que foi votada pelos vereadores. A admissibilidade do processo foi aprovada por todos os 51 parlamentares que participaram da votação, inclusive o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil). Para aprovar a abertura do processo, eram necessários ao menos 28 votos dos 55 vereadores.

Agora, o caso será analisado pela Corregedoria da Câmara e o vereador poderá apresentar sua defesa ao colegiado. Se a Corregedoria aprovar a perda temporária ou de cassação do mandato, o processo deverá ser votado novamente em plenário. Para que haja a perda do mandato, será preciso ter o apoio de dois terços do plenário (ao menos 37 votos).

Negro, o presidente da Câmara disse ter a expectativa de que o caso volte a ser votado em plenário, reforçando a defesa que tem feito pela cassação do mandato de Cristófaro.

A declaração racista foi feita em 3 de maio, quando Cristófaro participava remotamente de uma sessão da CPI que investiga as empresas de aplicativo na Câmara Municipal. O áudio do vereador vazou no plenário onde a sessão estava sendo realizada e os parlamentares da CPI interromperam os trabalhos. Então filiado ao PSB, Cristófaro saiu do partido no dia seguinte e filiou-se ao Avante uma semana depois. O parlamentar pediu desculpas “se alguém se sentiu ofendido” e disse que foi uma “brincadeira” com um amigo.

Na Corregedoria da Câmara, a relatora do caso, Elaine Mineiro (Psol), do mandato coletivo Quilombo Periférico, analisou as denúncias e pediu a punição, com a suspensão temporária ou cassação do mandato. O colegiado aprovou por unanimidade, por seis votos, a abertura do processo, que foi votado ontem.

Entre os vereadores, a expectativa é que o caso seja votado até junho e que Cristófaro seja cassado. Ontem, parlamentares abriram uma faixa com a frase “Chega de racismo na Câmara de SP”. Cristófaro tem histórico de declarações preconceituosas e é alvo de ao menos dez pedidos de investigação na Corregedoria. Em 2019, chamou Fernando Holiday (Novo) de “macaco de auditório”.

Valor Econômico