400 agentes da PF protegerão presidenciáveis
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A Polícia Federal (PF) apresentou ontem o plano de segurança para proteção aos candidatos à Presidência da República. O planejamento inclui o emprego de policiais especializados e do serviço de inteligência do órgão para identificar e neutralizar eventuais ameaças.
A operação terá início oficial no dia 16 de agosto, quando começa a campanha, e a expectativa é que sejam empregados 300 a 400 agentes diariamente. A estimativa é que a ação tenha um custo de R$ 25 milhões, especialmente com gastos de diárias e passagens dos policiais.
Outros R$ 32 milhões foram empregados com a aquisição de equipamentos.
Segundo o órgão, já foram comprados 71 carros blindados, coletes à prova de bala, pastas balísticas, uniformes, além de kits de primeiro socorro e equipamentos de radiocomunicação.
A PF está em contato com representantes partidários desde março e apresentou ontem a proposta a pelo menos seis legendas, que pretendem lançar candidatos ao Palácio do Planalto.
A antecipação do planejamento e o reforço da operação acontece em meio a um ambiente altamente radicalizado. A eleição de 2018 já foi marcada por um episódio de violência, quando o presidente Jair Bolsonaro, então candidato, sofreu uma facada em Juiz de Fora (MG) a apenas um mês do primeiro turno.
A segurança de Bolsonaro, no entanto, vai ser feita este ano pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. A PF vai ser responsável pelos demais candidatos, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), considerado pelo órgão uma das candidaturas de maior risco.
Lula lidera as pesquisas de intenção de voto e já foram registrados incidentes, de baixa gravidade, em algumas agendas externas do pré-candidato. Em uma delas, em Campinas (SP), a segurança do ex-presidente chegou a exibir armas para afastar manifestantes do comboio em que seguia o pré-candidato.
Segundo a corporação, cada candidato vai ter uma equipe de, no mínimo, 27 policiais. A de Lula deve mobilizar um número maior, devido à exposição.
De acordo com o diretor-executivo da PF, Sandro Avelar, o planejamento para as eleições deste ano está sendo feito com base em estudos técnicos e levando em consideração a situação atual do país. “É notório que esta é uma eleição que, até o momento, vem se mostrando bastante polarizada, uma eleição que vem despertando sentimentos fortes de paixão, seja para o bem ou não. Mas isso não implica, necessariamente, em dizer que é uma eleição com maior risco”, disse.
Ele, no entanto, afirmou que a PF “está se preparando para poder ter uma condição estrutural e fazer um bom trabalho mesmo em um ambiente em que haja tanta paixão”.
Avelar também disse que o órgão vai atuar para garantir uma eleição “tranquila”. “No que depender da gente, todos os esforços serão feitos para que a gente tenha uma eleição tranquila.”
Questionado pelo Valor, o diretor-executivo da PF minimizou o fato de haver mais armas em circulação no país, devido aos decretos de Bolsonaro que flexibilizaram o acesso a esse tipo de equipamento. Segundo ele, isso não preocupa a corporação neste momento e não está sendo levado em conta no planejamento.
Já o delegado Thiago Marcantonio Ferreira, responsável por coordenar a Operação de Proteção aos Presidenciáveis, destacou que “qualificou e diversificou o seu efetivo para ter uma atuação melhor do que teve em 2018”.
Marcantonio afirmou ainda que não se descarta que, a depender da análise de risco, seja sugerido a um candidato a adoção de medidas adicionais, como a contratação de equipes de segurança privada.
Segundo o planejamento inicial, parte da equipe de policiais vai ficar na cidade em que o candidato estará baseado e outra se deslocará para acompanhar em viagens e atos de campanha.
Agora em junho, a PF já deve definir os chefes das equipes de segurança de cada candidato. A escolha vai ser feita em conjunto com as candidaturas..