Bolsonaro cometeu crime ao tentar negociar fim de inquérito
Foto: Sergio Lima/AFP
No último sábado, em Manaus, Jair Bolsonaro acusou, pela segunda vez, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de ter descumprido um acordo que teriam feito. Disse o presidente:
“No dia 9 de setembro chegou o Michel Temer. Falei com ele e o ministro Alexandre Moraes estava no viva-voz. Me descapitalizei politicamente, fui atacado, mas o que conversei com o Alexandre de Moraes foi sobre a pacificação. Eu entraria com a carta e ele com o arquivamento do processo dos atos antidemocráticos. Ele cumpriu a parte dele? Não.”
Bolsonaro não apresentou provas, e foi chamado de mentiroso por muita gente, a começar por Michel Temer. Pode perfeitamente ser mentira, já que Bolsonaro é um mentiroso contumaz (no próprio evento em que acusou o ministro, declarou que a manifestação do 7 de setembro foi ordeira, e é sabido que houve 7 tentativas de invadir o STF), mas é fato que Alexandre mudou de atitude em relação ao presidente depois que ele publicou a carta.
Mas o que é mais interessante é que a acusação a Alexandre é também a confissão de um crime. Aliás, de vários.
Se Bolsonaro de fato pediu a Alexandre que arquivasse o processo, cometeu crime de incitação ao crime (de obstrução de justiça) e crime de advocacia administrativa (para favorecer seus aliados, seus filhos e a si próprio).
Se, como afirma o presidente, Alexandre aceitou arquivar o processo, mesmo que somente por algum tempo, os dois cometeram crime de colusão e de obstrução de justiça. E, como um não denunciou o outro, ambos cometeram crime de prevaricação.
Por fim, como uma terceira pessoa, Michel Temer, estava envolvida, os três cometeram crime de organização criminosa. Um bom criminalista certamente encontrará outros crimes no ato do presidente.
O presidente da República mente tanto que quando ele confessa diversos crimes de uma vez só, ninguém leva a sério. Todo mundo se limita a reclamar de que ele está mentindo de novo.
A que ponto chegamos.
Em tempo. Mas se tiver sido mentira, como todo mundo disse… aí houve falsidade ideológica, calúnia e difamação.