Bolsonaro quer usar CPI da Petrobras contra Lula

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Foto: Flávio Emanuel /Agencia Petrobras/Divulgação

Alguns parlamentares temem que a instalação da CPI da Petrobras às vésperas da eleição pode acabar criando problemas para a candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro (PL). O plano do governo, porém, vai exatamente em outra direção. A investigação, na verdade, pretende mirar Lula e o PT. Sob a alegação de que o objetivo do trabalho é esmiuçar a política de preços da estatal, os bolsonaristas querem resgatar a Lava-Jato e as acusações de corrupção que enredaram o partido e levaram o petista à cadeia.

Desde a semana passada, Bolsonaro tem insistido na abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a cúpula da empresa, a qual responsabiliza pelas sucessivas altas no preço do combustível.

A iniciativa preocupa alguns aliados. Uma vez instalada, a CPI também daria palco para a oposição discursar contra o governo. E repetem o mantra que há anos ecoa no Congresso: “você sabe como uma CPI começa, mas nunca sabe como termina”.

Por outro lado, bolsonaristas veem na CPI uma oportunidade para reacender a Operação Lava-Jato e o sentimento anti-PT que foi determinante na eleição de 2018. Jair Bolsonaro nunca foi alvo das investigações, focadas em parlamentares de três partidos: PT, PP e MDB. Deputados governistas podem direcionar os rumos da CPI para temas que foquem nas gestões do PT e bater na tecla de que Lula foi preso e condenado –de quebra, podem ainda repetir o discurso de que o petista teve as condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal como resultado de manobra política dos ministros da corte.

Ao insistir na abertura da comissão, Bolsonaro consegue ainda passar à sua base de eleitores a mensagem de que tentou tudo o que podia e que não tem responsabilidade pela alta no preço do combustível. Um parlamentar enfatiza que o governo precisa de algo impactante, como uma CPI, para tirar a gasolina da conta do presidente.

O pedido de criação da CPI foi assinado pelo líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ), e 15 deputados bolsonaristas, incluindo o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

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