Bolsonaro quer que indígenas sejam chamados de “índios”

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Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados

O presidente Jair Bolsonaro (PL) vetou nesta quinta-feira, 2, o projeto de lei que previa a mudança da nomenclatura “Dia do Índio”, data comemorada no dia 19 de abril, para “Dia dos Povos Indígenas”. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União.

De acordo com o Chefe do Executivo, a proposta não foi aprovada “por contrariedade ao interesse público”. Bolsonaro ainda argumentou que o Ministério da Justiça e Segurança Pública foi consultado sobre o PL. Como resposta, a pasta reiterou a tese do presidente ao considerar que “não há interesse público na alteração contida na proposta legislativa”.

De autoria da deputada federal Joênia Wapichana (REDE-RR), o projeto de lei nº 5.466-B, de 2019, propõe uma alteração da terminologia por defender uma pluralidade dos indígenas, ao levar em consideração a heterogeneidade dos povos originários.

Em um trecho da justificativa da proposta, a parlamentar esclarece que a mudança poderia oferecer mais autonomia e reconhecimento. “Lembramos a particular contribuição dada pelos povos indígenas à diversidade cultural, à harmonia social e ecológica da humanidade. E consideramos importante frisar que a contribuição é ofertada pela coletividade e não pelo indivíduo isolado, como remete a ideia do termo ‘índio’”, diz o texto.

Apesar do argumento apresentado pela deputada, Bolsonaro avaliou que o projeto não possui elementos suficientes para sanção. “Uma vez que o Poder Constituinte Originário adotou, no Capítulo VIII da Constituição, a expressão ‘Dos Índios’, tratando-se de termo consagrado no ordenamento e na cultura pátrias, não havendo fundamentos robustos para sua revisão”, afirmou.

O “Dia do Índio” foi estabelecido no dia 2 de junho de 1943, pelo Decreto Lei nº 5.540. 80 anos após a instauração da data, o termo passou a ser questionado por lideranças indígenas.

A proposta atual havia sido aprovada pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM), em 2019. Em seguida, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, em dezembro de 2021, e encaminhada ao Senado. Nesta assembleia foi relatada pelo senador Fabiano Contarato (PT-ES) e deliberada durante reunião, em maio deste ano.

Estadão