Bolsonaro sinaliza fim da paridade de preços da Petrobras
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou ontem que o novo conselho da Petrobras poderá mudar a política do Preço de Paridade de Importação (PPI), que atrela o custo dos combustíveis no Brasil ao valor do barril do petróleo e ao dólar. O presidente reclamou do prazo para análise de seu indicado para presidir a empresa, Caio Paes de Andrade, e antecipou que ele irá mudar a estrutura de comando da estatal após assumir o posto. As declarações foram feitas em entrevista à Rádio Itatiaia.
“O estatuto da Petrobras criou a tal PPI, paridade de preços internacionais, que no meu entender já cumpriu o seu papel. É igual a um torniquete, você faz ali, quando acaba a hemorragia, você tem que afrouxar”, argumentou Bolsonaro Segundo o presidente, a “periodicidade do PPI é de um ano”, por isso a Petrobras “não precisa subir preço imediatamente” na refinaria diante da alta do petróleo ou da valorização do dólar.
A questão sobre a interferência que o presidente sugere fazer sobre a política de preços da empresa é polêmica. Anteontem, em audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro das Minas e Energia, Adolfo Sachsida, afirmou que o governo não pode determinar à empresa qual política de preços seguir, mesmo sendo o acionista majoritário, em razão de marcos legais.
Acerca dos novos nomes indicados pelo governo para o comando da estatal, Bolsonaro disse que o conselho da empresa “tem relutado” em aprová-los e se opôs à nomeação do interino Fernando Borges após a renúncia de José Mauro Coelho, que deixou o cargo pressionado por ataques públicos de Bolsonaro.
“Qual a lógica desse novo presidente da Petrobras? Obviamente ele vai trocar seus diretores. Eu não posso ser eleito presidente, tomar posse e não trocar os ministros”, argumentou. “Esses novos [diretores] vão dar uma nova dinâmica, estudar questão da PPI. Se for o caso, o próprio conselho muda a PPI”, emendou.
O presidente disse ainda que a privatização da Petrobras vai ficar para o futuro. “Este ano não tem como resolver este assunto”, frisou. “Quem tem papéis é para ganhar dinheiro, mas não desta forma”.
O presidente aproveitou a entrevista ao vivo e, dias depois de apelar aos supermercados para que reduzam os preços de itens da cesta básica, mandou que um assessor telefonasse a um supermercado para perguntar o preço do litro do óleo de soja. Ao ouvir que o valor havia sido reduzido, disse que vai “conversar” para que a o preço caia mais.
Na mesma entrevista, o presidente disse que irá sugerir ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que os rótulos de alimentos informem o preço de fábrica na embalagem, permitindo a comparação com o preço de venda. Ele chamou essa prática de “tabelamento indireto” e admitiu que não sabe se a ideia é factível.
“Quando eu era garoto, lembro que olhava no rótulo e estava lá o preço de fábrica e o preço máximo ao consumidor. Deve voltar isso? Não sei, seria um tabelamento indireto. Mas você podia colocar o preço de fábrica, vou levar lá para o Guedes para ver se a gente coloca”, concluiu.