Boulos quer impedir que Bolsonaro dite o debate

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Foto: Daniel Ramalho/AFP

Integrante da coordenação-geral da pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência e presidente da federação Psol-Rede, Guilherme Boulos (Psol) defende que a candidatura petista mantenha a economia no centro do debate presidencial.

Até o mês passado, em meio a uma crise na comunicação da pré-campanha do PT, aliados do ex-presidente demonstravam preocupação com falas de Lula sobre temas que geram polêmicas, como o aborto – que poderiam afastar os evangélicos-, e com críticas à classe média e a militares.

“Não podemos deixar o presidente Jair Bolsonaro impor a agenda pública do país e a agenda eleitoral como ele fez em 2018. Aí fica o país todo discutindo a ameaça comunista, o AI-5, o ‘kit gay’ que nunca existiu. Não podemos permitir que essa agenda seja hegemônica no processo eleitoral. Temos que discutir aquilo que eles não querem, o que eles não têm respostas que é justamente o problema da vida das pessoas e o agravamento da crise econômica e da inflação”, diz Boulos.

O dirigente afirma também que a pré-campanha deve fazer uma força-tarefa para buscar os eleitores mais jovens e diz que os movimentos populares e os sete partidos que estão na chapa de Lula (PT, PSB, PSol, PCdoB, PV, Rede e Solidariedade) devem se mobilizar para tentar vencer a disputa presidencial no primeiro turno, com uma margem relevante em relação ao presidente e pré-candidato à reeleição, Jair Bolsonaro.

Boulos reforça que o bolso deve ser decisivo no voto da população mais carente e afirma que o discurso contra Bolsonaro deve continuar a explorar o aumento do preço da gasolina, do botijão de gás e dos alimentos, e o crescimento do desemprego e da miséria. “É essa a agenda política que temos que trazer para o centro do debate e que precisa ser predominante na eleição de 2022. Isso vai determinar a opção das pessoas.”

Pré-candidato a deputado federal por São Paulo, Boulos tem percorrido as periferias do Estado e afirma que são as propostas de mais renda, comida e emprego que poderão ajudar na conquista dos evangélicos, grupo onde o presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda tem vantagem nas pesquisas eleitorais. “A maior parte do eleitorado evangélico está na periferia. Eles têm sofrido na pele toda essa situação econômica”, diz.

Para Boulos, a pré-campanha precisa afastar o discurso do “já ganhou” e tem de se reaproximar “das bases” populares. O coordenador do MTST diz que esquerda se descolou da população mais carente e, com isso, abriu espaço para o crescimento da direita.

“A gente pagou um preço por isso. Não existe espaço vazio na política. Se a esquerda não está lá, entra a direita, entram outras forças, tanto é que houver avanço do bolsonarismo nos setores populares. Mas o que vejo agora é um refluxo.”

Além das periferias, Boulos afirma que a pré-campanha de Lula precisa engajar os mais jovens para entrar em redutos conservadores e tentar minimizar o antipetismo.

“A juventude pode ajudar a virar esse jogo”, diz. “Essa vai ser uma campanha de engajamento, muito mobilizada. E a juventude é o setor mais mobilizado da sociedade.”

Neste ano, houve forte crescimento dessa fatia do eleitorado, depois de campanhas para que jovens entre 16 e 18 anos tirassem o título de eleitor.

Entre janeiro e abril, o país ganhou mais de 2 milhões de eleitores nessa faixa etária, um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período em 2018. E Lula tem tido vantagem eleitoral entre os mais jovens.

Valor Econômico