PF teme retaliação de Bolsonaro por prisão de Ribeiro

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Foto: EVARISTO SA / AFP

A deflagração da operação que mira o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e pastores suspeitos de corrupção deixou em alerta integrantes da Polícia Federal. Há receio de que haja possíveis retaliações por parte do presidente Bolsonaro. A preocupação se deve ao histórico de mais de 15 delegados que foram punidos por atuar em assuntos ou investigações que desagradaram ao governo, seja com a remoção dos cargos que ocupavam ou veto a promoções.

A coluna apurou que o receio de retaliações chegou a ser compartilhado em grupos de WhatsApp entre diferentes investigadores. A maneira como Bolsonaro tratou a prisão, pelo menos publicamente, surpreendeu os policiais e trouxe o sentimento de que, por ora, não haverá uma caça as bruxas no órgão.

Em entrevista à Rádio Itatiaia na manhã de quarta-feira, logo após a prisão de Ribeiro, o presidente disse: “Se tem algum problema, a PF está agindo. Está investigando. É um sinal que eu não interfiro na PF. Se alguém faz algo de errado, pô, vai botar a culpa em mim?”, questionou.

A fala do presidente faz parte da estratégia traçada por membros do governo e da campanha de Bolsonaro para afastá-lo de Ribeiro. O plano é mostrar que Bolsonaro dá suporte às investigações de combate à corrupção e que a operação que mira um aliado de primeira ordem seria a prova de que ele não tenta interferir na PF. O presidente, no entanto, resistiu à demissão de Ribeiro quando a imprensa denunciou o direcionamento de verbas em sua gestão no MEC. Além disso, o ex-ministro deixou o cargo a pedido.

Delegados relataram à coluna que avaliam que a operação colabora para retirar a “pecha de bolsonarista” colada no órgão após as diversas tentativas de interferência do presidente. Bolsonaro trocou quatro vezes o posto de diretor-geral da PF, o mais alto do órgão. A avaliação é que investigações como a realizada sobre o MEC reforçam a mensagem de que, apesar das investidas, a corporação segue trabalhando e atua como polícia de Estado e não de governo.

O Globo