PT e PSB podem lançar chapa única no RS

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Foto: Reprodução

A formação de um palanque único no Rio Grande do Sul para a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência poderá passar pela escolha de um nome alternativo aos pré-candidatos já apresentados por PT, PSB e Psol. A tese, que ganhou força depois do ato público da quarta-feira, em Porto Alegre, tem a simpatia do ex-presidente e do candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB).

No ato de quarta-feira, Lula apelou para que os partidos que o apoiam façam esforço para chegarem a um consenso. “Eu queria fazer um apelo de irmão, de companheiro: não custa nada sentar mais uma vez na mesa, sentar um pouco mais e dar de presente a esse povo a unidade dos setores que querem derrotar Bolsonaro. É o mínimo que o povo espera”, disse em seu discurso.

No mesmo ato, o ex-governador Tarso Genro (PT) também defendeu a unidade das candidaturas de esquerda sem a imposição de nomes. “Nós apresentamos com humildade o deputado Edegar Pretto, mas teremos a grandeza de sentar à mesa para construir a união necessária à vitória no pleito se isso for necessário”, defendeu em seu discurso.

Nos bastidores, Lula defende que essa conversa se dê com o cenário neutralizado, ou seja, sem a imposição de pré-candidaturas. Um deputado federal com trânsito na coordenação da campanha de Lula disse que a intenção é “zerar o jogo” antes de as negociações recomeçarem. “Um palanque é melhor que três”, afirmou o parlamentar, reproduzindo fala do ex-presidente. Essa estratégia, segundo ele, pode fortalecer a ascensão de uma candidatura alternativa que agregue tanto PT, PSB e Psol.

O PT oficializou, em evento no sábado, a pré-candidatura do deputado estadual Edegar Pretto ao governo estadual. No PSB, a pré-candidatura do ex-deputado Beto Albuquerque é oficial desde setembro do ano passado, enquanto o Psol confirmou a pré-candidatura do vereador Pedro Ruas na terça-feira. No ato realizado na quarta-feira, tanto Pretto quanto Ruas estavam presentes e defenderam a unidade. O PSB não mandou representante.

No PSB, Alckmin entrou em campo e conversou ontem de manhã com Beto Albuquerque. Discorreu sobre a importância de reproduzir no Rio Grande do Sul a aliança do PSB em torno de Lula e ponderou que é mais difícil de negociar com nomes já lançados. “O cenário nacional pode influenciar uma decisão consensual”, disse um deputado que participou do encontro.

Para tanto, entrariam no pacote de negociação a candidatura ao governo, o cargo de vice-governador e a vaga de senador. Como a ex-deputada Manuela d’Ávila (PCdoB) recusou, na semana passada, o convite para disputar o Senado na chapa do PT, o caminho, segundo as lideranças partidárias, estaria pavimentado para a escolha de um nome alternativo.

Nos bastidores, o nome de Manuela surge como uma dessas possibilidades devido à sua popularidade e densidade eleitoral. Na última pesquisa de intenção de votos antes da desistência, a ex-deputada apareceu como favorita à disputa com 20% dos votos. O índice é quase três vezes superior às intenções de voto de Pretto e Albuquerque, os dois pré-candidatos mais bem colocados no campo da esquerda.

O último dia da visita de Lula ao Rio Grande do Sul foi cheio de reuniões. Pela manhã, depois de tomar café com o ex-governador Olívio Dutra (PT) e com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), encontrou-se com representantes de 80 cooperativas do Estado para ouvir reivindicações sobre o setor. Boa parte dos cooperativados de regiões produtoras do Rio Grande do Sul votaram em Bolsonaro na eleição de 2018.

O ex-ministro do Desenvolvimento Agrário de Lula, Guilherme Cassel, foi escalado para discursar e disse que, mesmo na chamada crise do subprime provocada pela quebra do banco Lehman Brothers, em 2008, não houve disparada da inflação e nem perda de renda na população.

Depois, por quase duas horas, posou para fotos com pré-candidatos a deputados federais e estaduais, recebeu documentos de representantes das áreas de segurança pública e saúde e uma comitiva de palestinos. À tarde, esteve com mais de 300 artistas e produtores culturais do Estado para discutir a retomada da produção – considerada estratégica também como matriz econômica pela equipe que elabora o plano de governo.

Valor Econômico