União Brasil admite traição a Bivar

Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Depois de desistir de lançar uma chapa única da terceira via com PSDB,MDB e Cidadania, o União Brasil lançou ontem a pré-candidatura do deputado Luciano Bivar (PE), principal dirigente da sigla, à Presidência da República. Ele já foi candidato a presidente em 2006, ficando na ocasião em último lugar, com 0,06% dos votos.

Bivar se colocou como alternativa para romper a polarização que marca a corrida presidencial. Na prática, porém, integrantes da sigla dizem que a postulação servirá para evitar que o partido se veja obrigado a embarcar nas campanhas do presidente Jair Bolsonaro ou do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Mesmo com uma candidatura própria, a expectativa é que diretórios estaduais da legenda tenham liberdade para compor com outros presidenciáveis.

“Seria uma covardia um partido do tamanho do nosso deixar uma sociedade que clama por mudanças e chora por suas mazelas sem esperança. Vivemos sob o medo, a falta de oportunidade e a ameaça de um golpe ou retrocesso”, afirmou, em um discurso que durou cerca de 20 minutos. O União Brasil é resultado da fusão do DEM e do PSL, partido que elegeu o presidente Jair Bolsonaro, hoje no PL, em 2018.

Nos bastidores, há uma ala do União Brasil que é entusiasta da reeleição de Bolsonaro. Outro grupo, liderado pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto, prefere se afastar ao máximo do chefe do Executivo. ACM Neto é pré-candidato ao governo na Bahia, Estado onde Lula é bem avaliado, e favorito nas pesquisas de intenção de voto.

Em entrevista a jornalistas, Bivar negou que o partido tenha conduzido uma ruptura com as demais legendas do centro. Ele argumentou que o União Brasil é o único partido desse grupo que está completamente unido em torno de sua pré-candidatura, em referências às divergências internas que Simone Tebet enfrenta no MDB em relação à sua postulação e às resistências que levaram à desistência de João Doria (PSDB).

O União chegou a participar das primeiras conversas entre MDB, PSDB e Cidadania, mas, em função de divergências entre as siglas, optou pelo voo solo.

“O União é o único partido que está unido em torno de sua pré-candidatura. Outros partidos não estão”, declarou o parlamentar. “O União é independente. Estamos aqui para apresentar uma alternativa. Apresentar algo diferente para não voltar a um retrocesso ou ficar submetido a um Estado autoritário. Não queremos isso. Não aceitamos isso”, acrescentou.

O líder do União na Câmara, Elmar Nascimento (BA), lembrou que Bivar apoiou Bolsonaro e deu condições para que o presidente fosse eleito, mas destacou que o pré-candidato do União Brasil teve independência para romper com o presidente da República em 2019. À época, Bolsonaro tentava tomar o controle de postos estratégicos do antigo PSL. “Não é fácil romper com o presidente da República, sem apego a cargos e benesses”, disse o parlamentar baiano.

Ao longo do evento, os integrantes do partido não gritaram o nome de Bivar em nenhuma oportunidade. Por outro lado, homenagearam os três nomes que querem se eleger como deputados distritais: Alex Carreiro, Eduardo Pedrosa e Rodrigo Totti.

Valor Econômico