Assassino de petista foi PM e tem histórico de encrencas
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Embora seja descrito pela família como uma pessoa calma e sem histórico de violência, o policial penal bolsonarista Jorge José da Rocha Guaranho, autor dos tiros que mataram o petista Marcelo Arruda durante sua festa de 50 anos, em Foz do Iguaçu, já respondeu a processo por desacato à autoridade.
A briga em que o agente se envolveu, dessa vez com dois policias militares, também ocorreu numa festa, em 2018, em Guapimirim, no estado do Rio de Janeiro; um caso que foi posteriormente arquivado.
Antes de ser policial penal federal, Guaranho passou pelas forças militares do Rio. Nascido em Magé, ele exerceu a função de policial militar entre março de 2007 e agosto de 2008, quando deixou a corporação para integrar o Corpo de Bombeiros do estado do Rio.
Nas redes sociais, declarava seu apoio a Jair Bolsonaro (PL) e a pautas defendidas pelo presidente, como flexibilização do porte e posse de armas e contrárias ao aborto. Numa ocasião, Guaranho lembrou o período em que esteve na PM, afirmando que eram “bons tempos, pena que ganhava tão pouco”. Em sua ficha da PMERJ não há nenhuma anotação disciplinar.
O agente publica ainda nas redes fotos em jogos do seu time, o Vasco da Gama, e ao lado da família, da mãe Dalvalice Rocha e dos dois irmãos. O pai morreu quando eles ainda eram pequenos. O irmão mais velho, John Lenon, é dono de uma franquia de restaurante, com filiais em cidades do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Goiás, Rio Grande do Sul, e São Paulo. A irmã caçula, Ana Paula Guaranho, formou-se em medicina.
— Ser servidor público era a paixão dele. Meu irmão nunca puxou arma para ninguém, nunca fez nada, porque sempre teve medo, nunca quis estragar a profissão dele — conta John Lenon.
Guaranho foi aprovado no concurso para agente penitenciário federal em 2010 e se mudou para Porto Velho, em Rondônia, onde fez o curso preparatório para a carreira. Depois ingressou no presídio de Cantanduvas, no Paraná, e foi morar em Foz do Iguaçu, a aproximadamente 190 quilômetros do trabalho.
John Lenon diz que em maio o irmão realizou o maior sonho: ser pai, após quatro anos de casado. Ele afirma ainda que Guaranho vivia o melhor momento de sua vida e que a família ficou surpresa com a notícia do crime.
O irmão do policial penal garante que ele não é um apoiador fanático do presidente e que não houve motivação política para o crime:
— Não tem essa questão de não gostar do PT. Temos amigos petistas que frequentam a nossa casa. Na família dele tem gente que é petista, e eles fazem churrasco juntos. Meu irmão nunca foi em uma passeata do Bolsonaro. Só tinha seu candidato e postava sobre.
Segundo o empresário, seu irmão se sentiu desrespeitado por ter sido provocado na frente da família pelo guarda municipal e voltou ao local do crime apenas para tirar satisfação com o petista:
— Tenho certeza que não foi por causa da festa do PT. Ele nem sabia que a festa era do PT. Eles xingaram quando ele passou com a música do Bolsonaro no carro e depois jogaram pedras. Ele foi provocado, ninguém aguenta ser tratado mal na frente da família.
Guaranho e Arruda não se conheciam, e o assassino do guarda municipal não tinha sido convidado por ninguém para a festa. John Lenon justifica a ida do irmão ao local do crime como uma ação para combater furtos na região. Segundo ele, havia um combinado entre os associados do clube onde ocorreu a festa, muitos deles agentes militares, de fazer “rondas” nas imediações.
Internado na UTI do Hospital Ministro Costa Cavalcante, em Foz do Iguaçu, o agente, que também foi baleado após Arruda revidar os disparos, ontem estava “sedado em assistência ventilatória mecânica, hemodinamicamente estável”, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Paraná.