Assédio na Caixa ganha sigilo no MPT

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Foto: Reprodução

O procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) Paulo Neto colocou em sigilo a investigação sobre assédio na Caixa Econômica envolvendo o ex-presidente do banco Pedro Guimarães.

A decisão foi tomada dois dias depois de o procurador transformar a apuração, que era preliminar, em inquérito civil. Com o inquérito civil, as investigações prosseguem e podem, posteriormente, resultar na proposição de ações do MP na Justiça.

“Decreto o sigilo das informações e documentos apresentados pelos denunciados, dos depoimentos de testemunhas e de documentos apresentados pela polícia ou pelos órgãos de fiscalização, considerando que a publicidade de tais elementos de prova pode acarretar prejuízo à investigação”, diz o procurador no despacho.

Guimarães saiu da Caixa no fim de junho, após se tornarem públicas denúncias de funcionárias do banco, que afirmam ter sofrido assédio sexual e moral do ex-presidente.

O caso é investigado também pelo Ministério Público Federal.

À TV Globo, funcionárias da Caixa, que preferem não se identificar, relataram o comportamento de Guimarães. Leia abaixo:

“Eu considero um assédio. Foi em mais de uma ocasião. Ele tem por hábito chamar grupo de empregados para jantar com ele. Ele paga vinho para esses empregados. Não me senti confortável, mas, ao mesmo tempo, não me senti na condição de me negar a aceitar uma taça de vinho. E depois disso ele pediu que eu levasse até o quarto dele à noite um carregador de celular e ele estava com as vestes inadequadas, estava vestido de uma maneira muito informal de cueca samba canção. Quando cheguei pra entregar, ele deu um passo para trás me convidando para entrar no quarto. Eu me senti muito invadida, muito desrespeitada como mulher e como alguém que estava ali para fazer um trabalho. Já tinha falado que não era apropriado me chamar para ir ao quarto dele tão tarde e ainda me receber daquela forma. Me senti humilhada”.
De acordo com uma funcionária, às vezes o constrangimento era na frente de outros colegas.

“Por exemplo, pedir para abraçar, pegar no pescoço, pegar na cintura, no quadril. Isso acontecia na frente de outras pessoas. E, às vezes, essas promessas eram no pé de ouvido e na frente de outras pessoas. mas de forma com que outras pessoas não ouvissem.
Segundo ela, o assédio também ocorria nas viagens que o presidente da Caixa faz pelo país.

“Comigo foi em viagem, nessas abordagens que ele faz pedindo, perguntando se confia, se é legal. Abraços mais fortes, me abraça direito e nesses abraços o braço escapava e tocava no seio, nas partes íntimas atrás, era dessa forma”.
Outra funcionária afirma que o presidente da Caixa era insistente.

“Eu só fingi que estava bebendo o vinho e tudo e aí ele ele começou a fazer umas brincadeiras. Aí na hora de pagar a conta pediu um abraço. Aí falou: ‘Ah’. Eu tentei manter a distância. ‘Ah, um abraço maior’. Eu fiquei muito sem graça, que eu já vi que ele já, né? A gente já sabe da fama. Eu sabia da fama dele já, então eu me reservei o máximo possível. E aí ele: ‘não, mas abraça direito. Abraça direito, porque é… você não gosta de mim’. Aí na hora que ele, na terceira vez que ele fez eu abraçar ele, ele passou a mão na minha bunda”.

G1