Bolsonaro esconde do eleitor que auxílio acaba em dezembro
O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje que a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos Auxílios, aprovada na Câmara dos Deputados, não é “eleitoreira” já que “quem está necessitado não quer saber se tem eleição ou não”. Durante a entrevista, o mandatário omitiu que os novos auxílios e os reajustes de benefícios sociais valem apenas até 31 de dezembro deste ano.
A PEC é uma das apostas da base aliada para melhorar o desempenho de Bolsonaro nas pesquisas eleitorais. Ela prevê reajuste de R$ 400 para R$ 600 do Auxílio Brasil (ex-Bolsa Família), aumento de R$ 53 para R$ 120 do vale-gás, criação de auxílio-caminhoneiro de R$ 1.000 e lançamento de um auxílio para taxistas, com custo de R$ 2 bilhões. As medidas valerão até o fim de 2022.
PEC dos Auxílios: Apenas 17 deputados votam contra projeto; saiba quem são Auxílio Brasil: Após filas, governo prorroga prazo para atualizar cadastro PEC dos Auxílios: Barros diz suspeitar de pane ‘proposital’ na Câmara No caso do Auxílio Brasil, a intenção é zerar a fila do programa ainda em 2022. Além disso, a PEC traz recursos para gratuidade de idosos no transporte público e subsídios para o etanol. Serão disponibilizados ainda R$ 500 milhões para o programa Alimenta Brasil. O custo total das ações é de R$ 41,2 bilhões.
“Olha, na própria PEC foi colocada situação de emergência. Foi bom porque entrou na própria PEC. Então está contornado esse problema. Agora, quem está necessitado não quer saber se tem eleição ou não. Quem está passando fome nessa época.” A fala foi transmitida no canal Foco do Brasil, que reproduziu as imagens do Notícias do Brasil, no YouTube.
Bolsonaro acusou o PT (Partido dos Trabalhadores) de querer prorrogar a votação da PEC e deixar os pobres esperando, diferentemente do que a sigla diz pregar. A oposição critica os danos financeiros que a ação, vista como eleitoreira, trará aos cofres públicos para este e o próximo ano.
“Você pode ver, a própria esquerda tentou fazer com que entrasse em vigor essa PEC depois das eleições. Ou seja, o pobre fica mais 4 meses aguardando. Esse é o sentimento que o PT tem para com a população brasileira. E não é apenas os R$ 600, ajuda os taxistas, caminhoneiros também, no vale-gás também ajuda. Eles sempre pregavam que deveríamos ter um olhar, sensibilidade com os mais pobres, chega na hora deles contribuir e são contra. Poderia ter aprovado há mais tempo essa PEC.”
O mandatário também comentou a queda de internet na Câmara dos Deputados durante a votação da proposta. O problema técnico gerou insegurança sobre a votação do texto. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), disse que vai pedir à Polícia Federal (PF) e ao Ministério da Justiça que apurem o caso. “A queda nos dois sistemas da Casa está sendo apurado também.
Pelo que tudo parece é tentativa de atrasar [a aprovação] porque eles sabiam que se atrasasse mais dois, três dias entraria no recesso [da Câmara, em 17 de julho]. Aí [a votação] ficaria para agosto. Mais um mês que os mais humildes ficariam desassistidos.”
*Com Fabrício de Castro, do UOL, em Brasília, e do Estadão Conteúdo