Bolsonaro precisa empatar com Lula neste mês
Foto: Cristiano Mariz/ Agência O GLOBO
Atrás nas pesquisas de intenção de voto e pressionado pela votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Eleitoral e pela possibilidade de abertura da CPI para investigar o Ministério da Educação (MEC), o presidente Jair Bolsonaro abriu novas frentes de ofensivas eleitorais. Em reunião terça-feira no Palácio do Planalto, Bolsonaro pediu a seus ministros engajamento para divulgar ações do governo que o ajudem na campanha pela reeleição. À tarde, Bolsonaro recebeu cerca de 200 prefeitos no Palácio da Alvorada.
Também ontem, foi publicada a indicação, pelo Congresso, de R$ 6,1 bilhões em emendas do chamado orçamento secreto nas últimas duas semanas. O valor é praticamente o dobro do que já tinha sido indicado desde o início de maio.
Nessas duas semanas, o governo logrou uma tramitação rápida da PEC Eleitoral e convencer a maioria dos líderes do Senado de que a CPI não deve funcionar durante o período eleitoral . Segundo fontes que participaram das negociações, o Executivo tentou segurar essa última leva de indicação para depois das eleições. Deputados e senadores, porém, insistiram pelo envio das indicações ao governo agora porque, em ano eleitoral, mesmo quando os valores ainda não foram pagos, os empenhos (autorizações de pagamento) do governo federal ou mesmo os pedidos do relator podem ser usados como moeda de troca por apoio de prefeitos.
Os estrategistas da campanha definiram que julho é um mês chave para Bolsonaro diminuir a diferença em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto. O núcleo político aposta no pacote de bondades que está sendo discutido no Congresso na PEC Eleitoral.
Na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), prometeu apoio à PEC Eleitoral — proposta que permite aumentar o Auxílio Brasil às vésperas das eleições — com a condição de que o Executivo conseguisse honrar com as liberações de emendas, de acordo com fontes ouvidas pelo GLOBO. Do valor total das emendas de relator, R$ 6,7 bilhões já foram pagos.
Na reunião ministerial, integrantes do primeiro escalão foram orientados pelo núcleo da campanha a exaltarem os feitos do governo em discursos, nas redes sociais, em eventos e na imprensa, mas com a preocupação de não desrespeitar a legislação eleitoral.
No encontro, que durou cerca de quatro horas, Bolsonaro pediu alinhamento no discurso e atenção na comunicação e afirmou que todos os integrantes do governo precisam estar sintonizados, para evitar gerar ruídos em um momento crucial para a estratégia da reeleição.
De manhã, Bolsonaro também recebeu um grupo de representantes da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) no Planalto. De acordo com o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, Bolsonaro se comprometeu apoiar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que proíbe criação de despesas para municípios sem indicar a fonte de receita. De acordo com ele, o presidente disse ainda que não podia se comprometer a vetar a criação de pisos como o dos enfermeiros, porque estaria “morto politicamente”.