Ciro ainda resume sua campanha a atacar o PT

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Ana Paula Paiva/Valor

Em seu primeiro evento como candidato a presidente, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) afirmou ontem a uma plateia de cerca de 250 empresários da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) que o Estado de São Paulo é a sede da crise econômica, mas também a sua saída.

“A sede da crise brasileira é São Paulo. E a saída para a crise brasileira passa, necessariamente, por São Paulo. Se a liderança paulista não compreender isso, o Brasil ficará órfão”, afirmou. “Não será o meu Ceará a liderar a revolução ideológica que nós precisamos estabelecer no país”, disse, fazendo menção à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, segundo o candidato, dificulta o debate de soluções aos problemas do país.

Ciro foi o primeiro candidato ao Planalto convidado pela entidade da indústria, que receberá também o ex-presidente Lula no dia 9 de agosto e a pré-candidata a presidente do MDB, senadora Simone Tebet (MS), em 1º de agosto. Bolsonaro não confirmou presença.

À vontade no ambiente industrial, Ciro ouviu elogio do presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva: “É um brasileiro que estuda os temas nacionais com profundidade e tenho certeza que é um aliado da indústria de transformação”, disse o dirigente, referindo-se ao candidato.

“Gostaria de destacar a preocupação enorme da Fiesp em relação ao que está acontecendo com a indústria de transformação no Brasil, que já representou mais de 27% do PIB nos anos 80”, afirmou Josué. “E nas últimas quatro décadas o Brasil desaprendeu a crescer e a indústria de transformação representa hoje menos de 11%”, concluiu.

Os empresários manifestaram preocupação com a retomada dos investimentos em infraestrutura no país e perguntaram ao candidato qual o papel do investimento público nesse processo.

“Não existe uma única experiência internacional em que tenha sido lançada infraestrutura sem uma parceria do Estado”, disse Ciro. “O plano [do presidente americano John Biden] está investindo em emissão US$ 1 trilhão para duplicações e etc desnecessárias, que é o papel do investimento público em momentos de catatonia do capitalismo”.

Ciro propôs a criação de um fundo de infraestrutura gerido por uma comissão, da qual participariam entidades empresariais, e “que será lastreado em parte em reserva cambial e com parte [de recursos] de uma reforma tributária”.

Sobre o nome do vice em sua chapa, Ciro despistou, durante entrevista coletiva. “Se eu souber, eu lhe digo na primeira hora, porque eu mesmo não sei”, disse.

O PDT não conseguiu fechar alianças e deve concorrer este ano com chapa pura. Um último esforço para alianças é feito com o PSD, que deve proclamar neutralidade, e o União Brasil, que deve formalizar a candidatura de Luciano Bivar.

Ciro voltou a criticar Lula por incentivar uma dissidência dentro do MDB, que deve oficializar a senadora Simone Tebet (MS). Disse que o comportamento do petista era “antidemocrático”. Mas negou possibilidade de composição com a emedebista. “O problema da Simone é dela, não é meu, nem eu estou pensando em cooptá-la para ser minha vice, na medida em que eu respeito o direito dela de ser candidata”.

Valor Econômico