Confira divisão de celebridades entre Lula e Bolsonaro

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Foto: Torben Christensen / Ritzau Scanpix / AFP

Apesar de faltar pouco menos de um mês para o início da campanha eleitoral, ídolos nacionais de diferentes áreas já manifestaram apoio aos dois principais postulantes ao Palácio do Planalto: o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A mais recente declaração de peso partiu da cantora Anitta, que revelou na semana passada o voto no petista — embora tenha proibido o partido de usar sua imagem na campanha. Por outro lado, a tropa de celebridades bolsonaristas conta com personagens ultra populares como os sertanejos Zezé Di Camargo e Chrystian (da dupla com Ralf), assim como o do apresentador Roberto Justus, com quem Bolsonaro se reuniu na semana passada.

Outra cantora que já adiantou sua preferência por Lula é Daniela Mercury. Ela justifica sua escolha com a avaliação que faz do governo do petista.

— Lula é um democrata, respeita as mulheres, os nordestinos, os negros, os LGBTS e os povos indígenas. Ele distribuiu renda e diminuiu a desigualdade social. Lula é o candidato capaz de trazer esperança, motivar e unir os brasileiros — afirma a cantora ao GLOBO.

Chico Buarque, tradicional apoiador do petista, exibiu uma bandeira com o rosto de Lula em um show em março. Caetano Veloso, que já criticou o ex-presidente e se alinhou a opositores do PT no passado, agora indica que votará em Lula para impedir a reeleição de Bolsonaro, embora também acene a Ciro Gomes, pré-candidato do PDT.

— Total. Eu já estou de Lula, de certa forma, porque as coisas estão assim configuradas. Mas meu coração está com Lula e com Ciro — disse Caetano, em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em dezembro do ano passado.

O apoio de artistas ao ex-presidente já foi parar na Justiça. Em março, o PL acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após a cantora Pabllo Vittar exibir uma toalha com o rosto de Lula durante apresentação no festival Lollapalooza. O partido chegou a conseguir uma decisão liminar proibindo manifestações políticas no festival, mas posteriormente desistiu da ação e a decisão foi revogada.

O jingle da pré-campanha de Lula, uma versão modificada do utilizado na corrida de 1989, também conta com diversos artistas, como Zélia Duncan, Chico César, Duda Beat e Paulo Miklos.

Jair Bolsonaro, por sua vez, tem ampla força entre os sertanejos, mas não só entre eles. Em maio, o presidente encontrou o cantor Latino, para quem o atual titular do Planalto “já está reeleito”. O cantor de Axé Netinho não só manifestou apoio ao presidente como anunciou o plano de concorrer a deputado federal, com a intenção de ser um “soldado de Bolsonaro”.

Outra figura pública alinhada a Bolsonaro que pretende disputar uma vaga no Legislativo é o campeão olímpico de vôlei Mauricio Souza, demitido do Minas Tênis Clube por causa de uma declaração homofóbica.

— Meu foco, mais do que o Mauricio de Souza, é ele (Bolsonaro). Porque eu acho que é a única divisão que nós temos de um país comunista para a liberdade — disse o jogador, em entrevista em maio ao programa Pânico, da Jovem Pan.

O cantor Digão, vocalista da banda de rock Raimundos, critica Lula e afirma que Bolsonaro é o “menos pior”:

— Eu vou lá e vou votar em quem eu acho menos pior. Se o Bolsonaro é o único que tem, então, vou ter que votar nele — disse, em entrevista ao Uol em março.

Mas é no sertanejo que o presidente encontra sua principal base de apoio na classe artística. Não por acaso, a campanha de Bolsonaro escolheu a dupla Mateus e Cristiano para fazer o jingle do candidato, “Capitão do Povo”. Ex-apoiador de Lula, Zezé Di Camargo afirmou em 2020 que havia votado no presidente e que pretendia repetir a dose. Um dos principais nomes do setor, Gusttavo Lima também já elogiou Bolsonaro, mas ainda não confirmou seu voto em 2022.

Com dificuldade de atingir dois dígitos nas pesquisas, Ciro Gomes também conta com admiradores do mundo artístico. O cantor Tico Santa Cruz e comediante Fabio Porchat estão entre eles.

Para Guilherme Russo, diretor de inteligência da consultoria Quaest, o apoio de celebridades funciona mais na mobilização de eleitores do que no convencimento do voto.

— Um dos impactos da posição das celebridades é mobilizar eleitores que já são propensos a votar nos candidatos. Ao ver o (cantor sertanejo) Zé Neto, por exemplo, apoiando o Bolsonaro, isso vai fortalecer essa posição e a certeza que vou votar nele. Isso é dos pontos mais fortes, não necessariamente o de virar votos.

Russo ressalta, no entanto, que esses apoios podem ser mais decisivos em disputas proporcionais, nas quais os eleitores costumam decidir o voto nos últimos dias.

— As celebridades podem ter impacto gigantesco nas eleições para deputado federal e estadual — afirma, citando dados de que 36% dos eleitores decidem o voto para deputado na última semana. — Logo, o impacto de ver um Reels ou um TiktTok de uma celebridade apoiando o nome é maior.

O Globo