Dispara adesão de empresários a Lula

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Foto: Cristiano Mariz/O Globo

Dois dias após o assassinato de um dirigente petista em Foz do Iguaçu (PR) por um bolsonarista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu o tom contra o seu principal adversário na corrida eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro. Em um ato político em Brasília, Lula afirmou que os bolsonaristas tentam transformar a campanha em uma “guerra”, “colocar medo na sociedade” e criminalizar a polarização política.

Citando Mahatma Gandhi, o pacifista indiano, ele exortou o público a “dar uma lição de moral” nos adversários. “Não precisamos brigar, nossa arma é nossa tranquilidade, é o amor dentro de nós e se alguém provocar vocês, vão pra casa cuidar da família, vão participar de reuniões com um livro na mão”, orientou.

Lula afirmou que nunca falou em violência nas campanhas de que participou, desde 1989. “Nunca deixei de cumprimentar um adversário, nunca cultuei a relação de fazer inimigos”, criticou. Um dia antes do crime na cidade paranaense, contudo, ele elogiou um ex-vereador do PT em Diadema que feriu com gravidade um militante antipetista em abril de 2018, por ocasião da prisão do ex-presidente por condenação na Operação Lava-Jato, posteriormente anulada.

Lula citou os recentes ataques contra atos petistas, como o drone que despejou veneno sobre o público em Uberlândia (MG) e a bomba caseira lançada no Rio de Janeiro. “O mais grave aconteceu numa festa de aniversário em que um companheiro [Marcelo Arruda] comemorava o seu aniversário com sua família e uma dessas pessoas tomadas pelo ódio, pelo fanatismo, pela loucura, matou o cidadão”, criticou.

Lula mencionou que Bolsonaro entrou em contato com parentes de Marcelo Arruda e criticou o presidente. “Se ele quiser visitar as pessoas pelas quais ele é responsável pela morte, ele vai ter muita viagem, porque ele não chorou uma lágrima pelas mais de 700 mil vítimas [da pandemia]”, exagerou. A pandemia matou 674 mil pessoas no Brasil. “Ele se afastou do planeta Terra e está orbitando algum planeta onde a humanidade não existe, o que existe é o ódio”, completou.

Sobre a retórica bolsonarista de questionar a legitimidade das urnas eletrônicas, Lula disse que Bolsonaro não suspeita das máquinas, porque “ele desconfia é que o povo não é mais bobo e não vai mais votar nele”.

Mais cedo, em evento na Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Lula adotou um tom moderado para falar com os empresários presentes no evento em que recebeu, dos diretores da entidade, a “Agenda institucional do sistema comércio”, com propostas e recomendações de políticas públicas do comércio de bens, serviços e turismo.

No evento com empresários, Lula defendeu uma aliança ampla entre governo, sociedade e sindicatos e indicou três requisitos necessários ao futuro governo para recuperar a economia do país: credibilidade, previsibilidade e estabilidade.

No ato com empresários, Lula elogiou seu candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB). “Eu tenho sorte com vice”, disse Lula, relembrando a relação bem sucedida com o empresário José Alencar, morto em 2011. “Minha relação com Alckmin hoje é de fidelidade e companheirismo. Ele não será um vice de brinquedo, será um vice de verdade”, afirmou.

Lula ainda costurou o palanque petista em Mato Grosso com um aliado do chefe da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP.

Ex-ministro da Agricultura no governo de Dilma Rousseff e atual vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), o deputado federal Neri Geller (PP-MT) será candidato ao Senado em Mato Grosso e dará palanque para Lula.

“A conversa foi muito boa. Resgatamos muitos avanços que tivemos no mandato do ex-presidente Lula, como nas áreas de crédito e mercado internacional”, disse Neri Geller ao Valor.

A formação do grupo tem capacidade de mexer não só com as articulações para a composição de chapas no Estado, mas também com o posicionamento do agronegócio nas eleições. Geller é vice-presidente da FPA, um dos principais grupos suprapartidários do Congresso Nacional e de apoio a Bolsonaro.

Valor Econômico