Joaquim Barbosa diz que militares são “vassalos” de Bolsonaro

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Foto: Evaristo Sá/AFP

O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa criticou na madrugada desta quinta-feira (7) as declarações do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, sobre a segurança das urnas eletrônicas.

“Disse o general: ‘As Forças Armadas estavam quietinhas em seu canto e foram convidadas pelo TSE…’. Ora, general, as Forças Armadas devem permanecer quietinhas em seu canto, pois não há espaço para elas na direção do processo eleitoral brasileiro. Ponto”, afirmou Barbosa.

A declaração de Nogueira foi dada durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.

O ministro do presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que as Forças Armadas não estão preocupadas com uma possível ação violenta de grupos contrários ao processo eleitoral brasileiro em uma reedição da invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, após a derrota de Donald Trump.

Para Barbosa, insistir na agenda de “pressão desabrida e cínica sobre a Justiça Eleitoral” é uma clara atitude de “vassalagem em relação a Bolsonaro”.

“É sinalizar que o Brasil caminha paulatinamente rumo a um golpe de Estado. Pense nisso, general”, disse, no Twitter.

O ex-presidente do STF ressaltou que a Justiça Eleitoral é independente e concebida para “subtrair o processo eleitoral ao controle dos políticos e dos militares de casaca”.

Os ataques ao sistema eleitoral e as ame aças golpistas são rotina no governo Bolsonaro.

Em live no mês passado, por exemplo, o presidente afirmou que o TSE tem tomado “medidas arbitrárias contra o Estado democrático de Direito” e atacado “a democracia”. “Não querem transparência no sistema eleitoral”, disse.

Por isso, como mostrou a Folha, organizações e ativistas que já trabalham com a previsão de que Bolsonaro executará um plano golpista nas eleições tentam articular uma reação orquestrada à ameaça de ruptura democrática e convencer mais setores sobre a urgência de mobilização.

Centenas de entidades da sociedade civil, movimentos sociais e políticos, profissionais do direito, militantes e acadêmicos atuam, em público e nos bastidores, para traçarem o roteiro de uma resposta imediata a ataques efetivos contra a ordem eleitoral.

A maior parte das ações se dá em conjunto com o TSE, que ampliou o contato com vários segmentos para barrar a investida autoritária. O esforço conta também com iniciativas que querem se manter discretas para driblar perseguições do bolsonarismo.

Associações que participam de comissões montadas pelo TSE estão na linha de frente dos trabalhos, mas outros grupos igualmente alarmados estão por conta própria se somando à guerra.

A bandeira de todos é única e cristalina: respeito às urnas eletrônicas e ao resultado que sair delas. Falta agora descobrir como, exatamente, evitar que uma tentativa de golpe prospere no Brasil em 2022.

Folha