Lula diz que Bolsonaro enfraquece até a moeda brasileira

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Foto: Reprodução/VEJA

Um dos principais assessores da campanha Lula, o economista Guilherme Mello, afirmou que a desvalorização do real nos últimos meses é responsabilidade da política econômica do governo Bolsonaro e não do Banco Central. “O real está volátil porque o governo Bolsonaro é volátil. O BC tem os instrumentos de intervenção no mercado, mas de que adianta se o próprio governo é imprevisível? Este governo fala em privatização e intervém na diretoria da Petrobras, diz que obedece a Lei do Teto de Gastos, mas muda a Constituição para furar este mesmo teto, discursa a favor da atração de investimento estrangeiros, mas afugenta esses mesmos investidores ao transformar o país num pária com o incentivo ao desmatamento na Amazônia”, afirmou Mello.

A declaração de Mello é um ajuste de rumo à entrevista de outro economista ligada à campanha Lula, Pedro Rossi. À agência Reuters, Rossi defendeu uma postura mais intervencionista do Banco Central no câmbio, incluindo a regulação do mercado de derivativos. Na mesma reportagem, o ex-ministro Guido Mantega afirmou que o BC errou ao permitir uma desvalorização excessiva do real. Desde abril, o real se desvalorizou 10% em relação ao dólar.

A reportagem da Reuters alimentou os rumores de um embate entre um eventual governo Lula e o Banco Central. Mello foi indicado pela coordenação da campanha Lula para atenuar o discurso. Existe um debate interno no PT sobre política monetária, com muitas críticas à atuação do Banco Central, mas sem consenso.

Lula já anunciou em abril que, se eleito, não vai interferir na independência do BC e que conversar “sem problemas” com o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, que tem mandato até 2024. No mês passado, em um esforço deliberado de acalmar o mercado financeiro, Lula disse ao jornal britânico Financial Times, que “existem três palavras mágicas em governar: credibilidade, previsibilidade e estabilidade”.

“Um governo Lula 3 vai falar antes o que vai fazer e depois vai fazer o que disse. Só isso já vai dar ao mercado um ambiente de tranquilidade que hoje não existe com Bolsonaro, reduzindo os ruídos no câmbio”, disse Mello. A relação do PT com o mercado financeiro está esgarçada há dez anos, desde o governo Dilma Rousseff.

Nas eleições de 2018, o centro financeiro da Faria Lima fez campanha aberta a favor de Bolsonaro. Mesmo com Lula como favorito nas pesquisas, a relação dos executivos das principais corretoras com a campanha Lula é irregular. Como Lula não indicou um porta-voz econômico para falar em nome da sua campanha, o mercado reage a cada entrevista dos seus assessores. Com a aproximação da data das eleições, a sensibilidade do mercado só vai aumentar.

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