Lula e Bolsonaro tentam ajudar candidatos na Bahia
Foto: NELSON ALMEIDA / AFP e EVARISTO SA / AFP
Com segurança reforçada e detector de metais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa de ato público amanhã, em Salvador, durante celebração do Dia da Independência da Bahia, numa tentativa de alavancar a pré-campanha do ainda pouco conhecido Jerônimo Rodrigues (PT) ao governo estadual. O presidente Jair Bolsonaro (PL), ao lado do ex-ministro João Roma (PL), também pré-candidato, realiza “motociata” pelas ruas da capital baiana no mesmo dia e horário.
Nos bastidores, uma ala do PT baiano vinha cobrando mais empenho de Lula para tentar barrar o desempenho até o momento do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), que lidera com folga as mais recentes pesquisas de intenção de voto no Estado.
A cautela do petista em relação ao pré-candidato do União Brasil, que prega a neutralidade na eleição presidencial, é justificada pelo fato de que parte do eleitorado do ex-prefeito indica que votará em Lula, segundo levantamentos eleitorais internos. O Solidariedade, partido que compõe o arco de aliança nacional em torno do ex-presidente Lula, apoia a pré-candidatura de ACM Neto na Bahia.
Integrantes do MDB baiano, liderados nos bastidores pelo ex-deputado Lúcio Vieira Lima e seu irmão, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, que indicaram Geraldo Júnior (MDB) para vice na chapa petista, estarão presentes no evento de apoio a Lula.
O ex-deputado Lúcio Vieira Lima confirmou que iria ao ato, mas ressaltou não saber se o irmão participaria. Em março, após obter a liberdade condicional em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), Geddel fez uma aparição relâmpago durante encontro em Salvador que selou a aliança do MDB e do PT no Estado.
O ex-ministro foi preso em setembro de 2017. Uma operação da Polícia Federal encontrou R$ 51 milhões em um apartamento atribuído a ele, investigado por um esquema de corrupção na Caixa Econômica Federal. Ele e o irmão foram condenados em 2019 por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Após recurso, a sentença relativa à associação criminosa foi derrubada no STF.
“Tive uma reunião com o pessoal da organização do evento [de Lula]. Estarei lá com representantes do nosso partido. Não sei se ele [Geddel] vai. Ele está meio ausente da política, mas foi ao ato de apoio do MDB a Jerônimo”, afirmou Lúcio Vieira Lima.
O presidente do PT na Bahia, Éden Valadares, disse que a visita de Lula e de Bolsonaro no mesmo dia em Salvador vai mostrar a nacionalização da eleição estadual. “Negar o impacto das eleições nacionais na Bahia é brigar com a realidade. Historicamente, aqui no Estado, as eleições nacionais sempre impactaram”, diz, numa crítica a ACM Neto, que defende que o eleitor baiano está mais preocupado com os problemas do Estado.
O evento de apoio ao ex-presidente Lula vai ocorrer às 10h30 no estacionamento da Arena Fonte Nova. No mesmo horário, Bolsonaro participa de ato no Farol da Barra. A distância entre os dois pontos é de aproximadamente seis quilômetros.
Inicialmente, a “motociata” bolsonarista estava prevista para se concentrar nas imediações da Fonte Nova, no entanto, para evitar confronto entre militantes, o local foi alterado. A Polícia Militar da Bahia informou que não montou esquema especial de reforço no policiamento.
Por questões de segurança, o petista não deve participar do tradicional cortejo cívico do 2 de julho, que ocorre entre os bairros da Lapinha e de Campo Grande.
Todos os anos, políticos de diversos partidos participam da celebração que simboliza o movimento da então província da Bahia, entre 19 de fevereiro de 1822 e 2 de julho de 1823, para se libertar da dominação portuguesa.
O pedetista Ciro Gomes, pré-candidato a presidente da República, confirmou participação no cortejo. Há também a expectativa de que a pré-candidata do MDB à Presidência, Simone Tebet, esteja na comemoração.