Presidenciáveis intensificam agenda no Sudeste
Foto: Ana Paula Paiva/ValorFoto: Ana Paula Paiva/Valor
A menos de 70 dias da eleição, os principais candidatos à sucessão presidencial intensificam as agendas nos três maiores colégios eleitorais (São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro) para alavancar as campanhas na região. Com 66,7 milhões de eleitores, a Região Sudeste concentra 42,6% do eleitorado e é decisiva para o resultado do pleito.
Líder das pesquisas sobre a corrida presidencial, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) realizará três grandes comícios em São Paulo, Belo Horizonte (MG) e no Rio de Janeiro, a partir de 20 de agosto, para marcar a arrancada da campanha oficial.
Em outra frente, o presidente Jair Bolsonaro (PL) ampliará as agendas em São Paulo com o seu candidato ao Palácio dos Bandeirantes, o ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos). Em paralelo, os presidenciáveis do PDT, Ciro Gomes, e do MDB, Simone Tebet, transferem as bases operacionais de suas campanhas para a capital paulista a partir de agosto.
Para o cientista político Cláudio Couto, a estratégia da ofensiva das campanhas nos Estados mais populosos, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, não se justifica, exclusivamente, pela quantidade do eleitorado. Com 34 milhões de eleitores, São Paulo representa 22% do eleitorado, enquanto Minas desponta em segundo lugar, com 16 milhões (10% do eleitorado). O Rio reúne 12 milhões de eleitores (8%).
“O Sudeste é uma região onde ainda há muita disputa pelo voto”, analisa Couto, que é professor da FGV-Easp. Ele observa que Lula continua sendo hegemônico no Nordeste, enquanto Bolsonaro teria a preferência de votos do Centro-Oeste, de fatias do Sul e do Norte. “Com colégios grandes como Minas e São Paulo, com o rumo do eleitorado ainda indefinido, justifica-se essa estratégia”, afirmou.
O professor da FGV lembra que a votação em Minas Gerais é reconhecida como uma síntese do eleitorado nacional, já que o Estado contém microrregiões que reproduzem o Brasil. Ele identifica uma Minas nordestina na região do Vale do Jequitinhonha e uma Minas que lembra o Centro-Oeste na região do Triângulo Mineiro.
Em geral, os resultados em Minas refletem o placar nacional. Em 2014, quando Dilma Rousseff (PT) foi reeleita, ela obteve 52,4% dos votos em Minas e 51,6% no plano nacional. Em 2018, Bolsonaro atingiu 58% dos votos no Estado e 55% em todo o país.
Hoje Bolsonaro e Tarcísio comparecem a um almoço para mulheres, com 80 empresárias, em São Paulo. O evento promovido pelo grupo Voto, no Palácio Tangará, luxuoso hotel na capital, visa a melhorar a imagem do presidente junto ao eleitorado feminino.
No dia 30, Bolsonaro e Tarcísio voltam a aparecer juntos na convenção estadual do Republicanos, que vai homologar a candidatura do ex-ministro ao governo paulista. Ontem Tarcísio compareceu à convenção nacional do PL, que confirmou a postulação de Bolsonaro à reeleição, no Rio de Janeiro.
Há um esforço para associar mais a imagem do ex-ministro ao presidente e ambos também devem cumprir agendas no interior. Aliados do ex-ministro verificaram que ele vem perdendo votos de eleitores bolsonaristas para o governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Após um “tour” recente pelo Nordeste, Lula deve cumprir uma sequência de agendas nos Estados do Sudeste. Além dos comícios a partir de 20 de agosto nos três Estados, também estão encaminhados atos com o candidato ao governo paulista, Fernando Haddad (PT), no interior: um evento em Araraquara, cidade governada pelo petista Edinho Silva, e outro na região de Campinas.
Antes, ainda na pré-campanha, Lula cumprirá uma agenda no dia 15 de agosto na Universidade de São Paulo (USP). Por volta de 10 de agosto, está previsto um compromisso com o candidato ao governo de Minas, Alexandre Kalil (PSD). Lula esteve recentemente no Rio de Janeiro, nos dias 6 e 7 de julho, onde se reuniu com sambistas e comandou um ato na Cinelândia, onde explodiu uma bomba caseira. Em meio à disputa entre PT e PSB pela vaga de candidato ao Senado na chapa de Marcelo Freixo (PSB), Lula só retornará ao Rio quando o impasse estiver resolvido.
Já os presidenciáveis do PDT, Ciro Gomes, e do MDB, Simone Tebet, mudam-se para São Paulo em agosto, de onde vão traçar os rumos das campanhas e onde gravarão os programas para o horário eleitoral no rádio e na televisão, que começa em 26 de agosto.
Ciro cumpriu nos últimos dias um périplo entre Minas, Rio e São Paulo. No sábado, participou da convenção estadual do PDT no Rio de Janeiro, que homologou a candidatura do ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves ao governo. Na quinta-feira, compareceu a um evento na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp). E na semana anterior, cumpriu agendas em Belo Horizonte e Montes Claros (MG).
Ciro buscou o PSDB para garantir palanques nos três maiores colégios. Em Minas, o PDT vai apoiar a candidatura do ex-deputado federal Marcus Pestana (PSDB) ao governo. No Rio, o PDT cortejou o ex-prefeito Cesar Maia (PSDB), mas o partido, comandado por Rodrigo Maia, optou pela aliança com Marcelo Freixo.
Em São Paulo, Ciro cobiça o palanque de Rodrigo Garcia, já prometido para Simone. “Nós podemos dividir o palanque com a Simone, não dá é para dividir com o Lula ou com o Bolsonaro”, disse ao Valor o presidente do PDT mineiro, deputado Mário Heringer.
Simone Tebet cumpriu a primeira agenda pública com o PSDB em São Paulo, na sexta-feira, ao lado do prefeito de São Bernardo do Campo, o tucano Orlando Morando. No Estado, Simone conta com a sinergia da prefeitura da capital, comandada pelo emedebista Ricardo Nunes, e do governo estadual, ante a aliança nacional MDB-PSDB-Cidadania.
No dia 30 de julho, a senadora viaja para Belo Horizonte, para participar da convenção do MDB mineiro. No Estado, o partido coligou-se com o Novo do governador Romeu Zema. A emedebista esteve no Rio de Janeiro no fim de junho, onde cumpriu agendas na capital, em Niterói e São Gonçalo.