Bolsonaro agora promete manter auxílio de R$ 600

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Foto: André Melo Andrade/Immagini/Estadão Conteúdo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) deu lugar de destaque no palco da convenção que lançou sua candidatura à reeleição ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Além de chamar o líder do Centrão de “amigo de longa data”, atribuiu a ele a responsabilidade de ter aprovado os projetos que resultaram na queda do preço dos combustíveis. Bolsonaro também prometeu manter no ano que vem, caso saia vitorioso das urnas, o valor mínimo de R$ 600 do Auxílio Brasil.

O reajuste no benefício a famílias de baixa renda foi viabilizado pela proposta de emenda à Constituição (PEC) das bondades, aprovada por influência do presidente da Câmara, que abriu margem para outras benesses às vésperas das eleições em cenário de crise fiscal. A medida driblou o teto de gastos. A PEC vai custar R$ 41,25 bilhões até o fim do ano.

“Com apoio do nosso Parlamento, deputados e senadores, passamos o auxílio para R$ 600. E conversei nesta semana com o [ministro da Economia] Paulo Guedes. Este valor será mantido a partir do ano que vem. A inflação está prejudicando a todos, em especial o preço dos combustíveis”, justificou o presidente, ganhando aplausos e gritos de apoio da plateia.

Na véspera da convenção, o presidente havia afirmado a apoiadores evangélicos, em Vitória (ES), a intenção de tornar o piso de R$ 600 do auxílio permanente. Ele não detalhou em nenhum das duas ocasiões, porém, qual será a engenharia financeira para viabilizar o pagamento. Diferentemente do discurso antissistema que propagava em 2018, Bolsonaro ressaltou na fala de ontem sua ligação com o Congresso Nacional. O tema divide os apoiadores mais fervorosos do presidente, que em muitos casos criticam a aproximação com os partidos do Centrão, bloco conhecido pelo fisiologismo.

“Temos o apoio do nosso Parlamento, está aqui o presidente Arthur Lira, um enorme aliado nosso. Tem colaborado muito com o governo. Graças a ele, conseguimos aprovar leis que vêm a baixar o preço dos combustíveis. A grande maioria dos parlamentares, cada vez mais, está com o governo porque o governo está com eles”, pontuou. “Eu sei que a figura mais importante aqui sou eu. Mas se não é pelo Arthur Lira, este cabra da peste de Alagoas, não teríamos chegado a este ponto”.

Lira foi eleito para presidir a Câmara com ajuda do Planalto, que empenhou emendas a parlamentares dispostos a apoiarem a candidatura e votarem a favor de projetos do governo. Com o chamado orçamento secreto em mãos, o alagoano conseguiu ampliar a base de apoio de Bolsonaro direcionando recursos a projetos indicados por deputados sem divulgar os empenhos com transparência.

“Tivemos hoje a presença marcante do meu amigo de longa data Arthur Lira. Ele é o dono da pauta da Câmara dos Deputados. Nada é colocado em votação se não for por decisão dele. Botou para votar a proposta de emenda à Constituição e projeto de lei botando freio na sanha de impostos no Brasil”, acrescentou. O presidente referia-se ao projeto que limitou em 17% a alíquota de ICMS para produtos e serviços considerados essenciais, entre eles os combustíveis. A medida gerou impacto imediato no preço final ao consumidor, mas é vista com ressalvas pelos gestores estaduais, que temem pelo desequilíbrio das finanças.

No pacote de medidas que buscam diminuir o peso da inflação a pouco mais de dois meses das eleições, o governo espera pagar a partir de 9 de agosto seis parcelas de R$ 1 mil cada uma a caminhoneiros autônomos. Há recursos reservados também para taxistas, mas o valor individual ainda não foi informado porque o governo não sabe quantos motoristas estão em atividade no país. Na semana passada, o Ministério do Trabalho e Previdência enviou ofício às prefeituras solicitando informações sobre o cadastro da categoria em cada localidade.

O Auxílio Brasil também será antecipado para o dia 9 de cada mês, segundo previsão do governo. Hoje, o calendário começa no dia 18. Outro objetivo é zerar a fila de inscritos no programa, estimada em 1,5 milhão de famílias, o que foi uma ordem direta de Bolsonaro à sua equipe.

Valor Econômico