Reação dos EUA a Bolsonaro foi a pior
Foto: Clauber Cleber Caetano/PR/Divulgação
A apresentação do presidente Jair Bolsonaro (PL), na segunda-feira, 18, a um grupo de embaixadores com ataques contra as urnas eletrônicas e às autoridades que conduzem o processo eleitoral brasileiro teve uma péssima repercussão internacional. Mas a principal — e a mais dura — delas veio do governo dos Estados Unidos.
Em nota, a Embaixada americana disse que “as eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo”. “Os Estados Unidos confiam na força das instituições democráticas brasileiras. O país tem um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação dos eleitores”, diz trecho do documento.
A nota segue ainda afirmando que os americanos estão “confiantes de que as eleições brasileiras de 2022 vão refletir a vontade do eleitorado”, numa resposta mais que direta às várias insinuações de Bolsonaro de que o resultado da disputa presidencial deste ano poderia ser fraudado. “ Os cidadãos e as instituições brasileiras continuam a demonstrar seu profundo compromisso com a democracia. À medida que os brasileiros confiam em seu sistema eleitoral, o Brasil mostrará ao mundo, mais uma vez, a força duradoura de sua democracia”, afirma outro trecho.
A imprensa americana, de uma forma geral, já havia reagido muito mal ao encontro de Bolsonaro com embaixadores. O jornal The New York Times, um dos mais influentes do mundo, comparou a estratégia do presidente brasileiro à adotada pelo ex-presidente americano Donald Trump, que também descredibilizou a votação, sem provas, quando foi derrotado por Joe Biden em 2020 — o que culminou, inclusive, na invasão de seus apoiadores ao Capitólio, a sede do Congresso dos Estados Unidos.
O também americano The Washington Post destacou que Bolsonaro não apresentou nenhuma prova sobre suas alegações de fraude em eleições passadas e repercutiu as declarações do presidente do TSE, ministro Edson Fachin, e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sobre a reunião. Ambos repudiaram o discurso do presidente aos diplomatas.