
STF e STJ previram casos como o do assassino bolsonarista
A escalada de violência política na última semana não vai alterar, por ora, o esquema de segurança do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que já estão com equipes reforçadas e trabalham em plano para que as eleições de outubro transcorram sem incidentes mais graves. Fontes das duas Cortes afirmaram, reservadamente, que ataques já eram previstos diante do clima de acirramento político e ideológico no país. Nos últimos meses, os dois tribunais têm investido em segurança e ampliado a proteção pessoal dos ministros.
No sábado (9), o guarda civil e tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu Marcelo Aloizio de Arruda foi morto a tiros por um apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL). Na mesma semana, uma bomba caseira foi lançada em evento da pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Rio. Também houve um ataque ao veículo dirigido pelo juiz Renato Borelli, da 15ª Vara da Justiça Federal de Brasília, responsável por decretar a prisão do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
Um dos temores é justamente a possibilidade de ocorrerem ataques isolados aos magistrados ou às sedes das duas Cortes, que também tiveram o policiamento reforçado e uma restrição ao acesso do público em geral, especialmente no TSE.
O Poder Judiciário conta com um quadro próprio de segurança institucional. Mas, para as eleições, o policiamento será reforçado com agentes da Polícia Militar, comandados pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Até o primeiro turno, o Poder Judiciário trabalha com duas datas chaves para medir a temperatura do cenário nacional: 31 de julho, para quando estão sendo convocadas manifestações bolsonaristas em todo o Brasil, e 7 de setembro, quando haverá um desfile militar em Brasília.
Desde já, há um monitoramento em curso, especialmente nas redes sociais, para tentar prever o tamanho das duas mobilizações e traçar estratégias para identificar ameaças reais ou potenciais às Cortes.
No feriado da Independência do ano passado, Bolsonaro convocou protestos em Brasília que quase levaram ao ataque do prédio do STF. Fontes da Corte costumam classificar o episódio como o mais próximo de uma ruptura institucional que o país já chegou desde a redemocratização.
Valor Econômico