Bolsonaro diz que Bíblia manda comprar armas

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Foto: CRISTIANO MARIZ/Agência O Globo

O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse hoje que não quer chegar ao próximo ano arrependido de não ter feito tudo que podia para evitar que o PT seja eleito. Em novas críticas e ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), conclamou os “cidadãos de bem” a comprar armas e não serem “cordeiros” de duas ou três pessoas.

Embora não tenha citado nomes, o discurso de Bolsonaro fazia referência aos ministros que reiteradamente são alvos de seus ataques: Alexandre de Moraes, Edson Fachin e Luis Roberto Barroso. A fala ocorreu durante o Encontro Nacional do Agro (Enagro), promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA). Em clima eleitoral, Bolsonaro subiu ao palco ao lado de seu candidato a vice, Braga Netto (PL), e foi aclamado como “mito” pela plateia.

“Sou o chefe da nação e não vou chegar a 2023 ou 2024 e dizer ‘o que eu não fiz lá atrás para o Brasil chegar nesta situação’. Que isso custe a minha vida!”, bradou, despertando aplausos e gritos de apoio da plateia. “Nós somos a maioria, somos pessoas de bem. Nós de verdade trabalhamos. Não vamos perder para narrativas, para três ou quatro que assumiram cargos e se acham deuses”.

Para o presidente, a Bíblia incentiva as pessoas “de bem” a comprar armas porque “povo armado, jamais será escravizado”.

“Nossa geração não pode ser lembrada lá na frente como a que teve chance de fazer e se acovardou para duas ou três pessoas que não tiveram nenhum mérito para chegar onde chegaram”, defendeu. “Comprem suas armas, isso está na bíblia; jamais seremos cordeiros de dois ou três”, emendou, mais uma vez se referindo a ministros do STF.

Bolsonaro disparou ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o classificando como um “bêbado que quer dirigir o Brasil”, e disse que o “trenzinho vermelho” da vitória de partidos de esquerda em países da América do Sul não pode se repetir no Brasil.

Ao exaltar a participação das Forças Armadas em seu governo, criticou governos em que, segundo ele, pessoas sem preparo comandaram o Ministério da Defesa. Sem citar nomes, afirmou que já houve caso de pessoa que já pode ter “pegado várias outras pistolas”, mas não uma arma de fogo na mão.

O discurso durou uma hora e foi encerrado com uma bandeira do Brasil, no palco, levantada por integrantes do governo e da CNA.

Na abertura do encontro, o presidente da CNA, João Martins, fez um claro aceno de apoio do setor agropecuário à reeleição de Bolsonaro.

Ele disse que o Brasil precisa de um presidente que “dê continuidade” à política atual. O dirigente também atacou Lula, sem mencioná-lo diretamente.

“Os senhores sinalizaram bem claro que não tem mais espaço nesse país para equipe corrupta e incompetente, muito menos de retorno de candidato que foi processado e preso como ladrão”, disse a uma plateia com 3,5 mil produtores rurais de todo o país no Enagro.

João Martins também pediu que os produtores sejam “intervenientes” nas próximas eleições e que ajudem a eleger representantes no Congresso Nacional engajados com a aprovação das “grandes” reformas.

Valor Econômico