Bolsonaro fará desfile militar na avenida Atlântica

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Foto: Mauro Pimentel/AFP

Jair Bolsonaro disse a apoiadores no sábado que o 7 de Setembro deste ano terá uma novidade: um desfile militar em plena Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, diante do mar de Copacabana. E ainda teve o cuidado de já anunciar um horário, 16h, que é tão inusitado quanto revelador de suas intenções — como se ainda precisasse.

As paradas militares do 7 de Setembro no Rio ocorrem há décadas num mesmo lugar: a Avenida Presidente Vargas, no Centro, um local adequado, seja por ser uma via espaçosa, seja por que lá está situado o Palácio Duque de Caxias, antiga sede do Ministério da Guerra (depois do Exército e hoje sede do Comando Militar do Leste). Estes desfiles sempre ocorrem na parte da manhã.

O que o presidente Bolsonaro está fazendo, com o apoio das Forças Armadas, é sequestrar sem o menor constrangimento a comemoração do Dia da Independência em favor do candidato Bolsonaro —que, na semana passada, convocou seus militantes a saírem “às ruas pela última vez para lutar pela liberdade” e protestar contra os ministros do STF, “esses pouco surdos de capa preta que têm que entender o que é a voz do povo.”

Não resta dúvida que essa mudança de local e horário, se for mesmo confirmada pelo Ministério da Defesa, teve inspiração num pedido dele.

No caso da parada militar carioca travestida de manifestação (ou da manifestação travestida de parada militar, como se queira, pois é disso o que se trata), o Ministério da Defesa adequou até o horário aos interesses do presidente-candidato, que participará de manhã do desfile de Brasília. E, da mesma forma, transferiu o evento para o local onde há anos os bolsonaristas fazem seus atos — a orla de Copacabana.

Assim, as Forças Armadas se associam mais uma vez de forma direta aos caprichos de Bolsonaro, colaborando para um ato de campanha justamente na reta final das eleições.

O Globo