Bolsonaro temeu sanduiches da Band envenenados

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Foto: Adriano Vizoni – 28.ago.2022/Folhapress

A segurança de Jair Bolsonaro (PL) foi rigorosa na vistoria que fez no prédio da TV Bandeirantes antes do debate presidencial do domingo (28), organizado também por Folha, UOL e TV Cultura. Uma das medidas mais inusitadas foi pedir para que pessoas da organização do evento experimentassem os sanduíches que seriam servidos na sala em que o presidente se instalaria antes de entrar no estúdio, por temor de que algum deles estivesse envenenado.

Eram pães com seis diferentes tipos de recheios, e os escalados para a missão tiveram que morder uma amostra de cada um dos lanches servidos no camarim. O pedido da segurança surpreendeu até mesmo pessoas ligadas à assessoria do presidente.

A medida é comum quando envolve mandatários de países visados. Quando viajam, por exemplo, os presidentes dos EUA só ingerem comidas e bebidas trazidas nos aviões de seu próprio país. No Brasil, no entanto, esse tipo de cuidado sempre foi raro.

Foi também por um pedido da segurança da campanha de Bolsonaro e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que os dois não ficaram lado a lado no debate de domingo, como estava previsto.

Ao chegar no local, o presidente da República disse que não se importava de ficar ao lado de Lula, mas que não apertaria a “mão de ladrão”. O candidato do PDT, Ciro Gomes, reclamou da alteração do posicionamento no palco em suas redes sociais.

Ao todo, a transmissão durou quase três horas. Lula e Bolsonaro foram os últimos a confirmar presença no evento—depois de dias de incertezas nas campanhas.

No primeiro debate presidencial na TV, o presidente se tornou o alvo preferencial dos demais candidatos. O atual chefe do Executivo, por sua vez, mirou em Lula, que se esquivou em pergunta sobre corrupção.

De acordo com a última pesquisa Datafolha, divulgada neste mês, o petista lidera com 47% das intenções de voto, ante 32% de Bolsonaro, 7% de Ciro Gomes (PDT) e 2% de Simone Tebet (MDB).

O respeito às mulheres, arena em que Bolsonaro atua com desvantagem, foi o tema central do encontro. O assunto foi discutido principalmente pelas candidatas Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).

O chefe do Executivo manteve a calma nos enfrentamentos com adversários, mas se exaltou ao ser questionado pela jornalista Vera Magalhães.

Como mostrou a Folha, integrantes da campanha de Bolsonaro admitem que o presidente errou ao atacar as mulheres, mas avaliam que as declarações terão pouco impacto eleitoral. O mandatário tem alta rejeição entre o eleitorado feminino e busca diminuí-la usando, inclusive, a figura de sua mulher, Michelle Bolsonaro.

A avaliação entre bolsonaristas é que ele conseguiu levar para o centro do embate a pauta ligada à corrupção, um flanco considerado ruim para Lula.

Folha