Candidata do União Brasil é bolsonarista arrependida

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Foto: Jorge William / Agência O Globo

Lançada ontem pré-candidata do União Brasil à Presidência da República, a senadora Soraya Thronicke (MS) surgiu como nome de última hora da corrida presidencial turbinada pelo partido que detém a maior fatia do horário eleitoral da TV. Senadora de primeiro mandato, ela foi eleita em 2018 pelo PSL com 373.712 votos, como uma representante da onda conservadora que também levou Jair Bolsonaro ao comando do país.

No ano passado, chegou a assumir a vice-liderança do governo no Congresso. Com o tempo, no entanto, se afastou do núcleo mais duro de apoiadores do presidente.

Durante a CPI da Covid, ganhou notoriedade por adotar tom crítico à postura do governo federal, especialmente sobre a demora na compra de vacinas e a defesa do “tratamento precoce”, comprovadamente ineficaz. Na ocasião, atuou junto com a senadora Simone Tebet (MDB-MS), também pré-candidata à Presidência.

Assim, não cerrou fileiras com os parlamentares mais alinhados a Bolsonaro que deixaram o PSL para se juntarem ao presidente no PL.

Ela teve seu papel de maior destaque no Congresso ao presidir a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado, entre 2019 e 2021.

Soraya se declara liberal na economia e defensora de maior participação das mulheres na política — é membro da bancada feminina no Senado. Atualmente também ocupa o cargo de presidente do União Brasil Mulher. Em entrevistas, afirmou ser contra o aborto e a liberação das drogas, e a favor dos “valores da família”.

Para que seja efetivada candidata do União Brasil, ela precisa ter seu nome homologado na convenção nacional da legenda, marcada para sexta-feira.

Além de advogada, a pré-candidata se aventurou como empresária no ramo de motéis. Em 2015, chegou a dar uma entrevista ao g1 sobre um dos motéis que administrava ao lado do marido em Campo Grande (MS).

Na época, a ideia era desconstruir a ideia de vulgaridade e tornar o espaço “aconchegante”. Segundo a reportagem, Soraya chegou a assinar o projeto da cama redonda de uma das suítes.

Ela nasceu em Dourados (MS), tem 49 anos e é formada em Direito pelo Centro Universitário de Campo Grande, do grupo Anhanguera, e concluiu MBA em Direito Empresarial pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

O anúncio da pré-candidatura de Soraya Thronicke ocorreu na tarde de ontem, em evento no diretório estadual do União Brasil em São Paulo.

A senadora agradeceu o convite e elogiou o presidente nacional do partido, deputado Luciano Bivar (PE), por ter atuado na fusão do PSL e do DEM que resultou na criação do União Brasil. A senadora foi lançada ao Planalto após a desistência de Bivar, que decidiu tentar a reeleição.

— Quero destacar a sabedoria de Bivar, dos grandes homens que fizeram a virada nesse país. Em 2018, foi ele quem conseguir antever tudo que iria acontecer e deu a legenda para o atual presidente da República. —disse.

Ela também afirmou que, se for eleita, sua prioridade no governo será a reforma tributária. A pré-candidata falou sobre um mandato com “DNA liberal, com a bandeira do imposto único” e classificou a economia como o maior problema do Brasil atualmente.

— O plano de governo que já está construído permanece, claro. Agora com um toque feminino — afirmou Thronicke.

Segundo a senadora, ainda não há definição se a vice na chapa será ocupada por uma mulher ou por um homem. No caso de optarem pela primeira opção, esta se tornará a segunda chapa totalmente feminina na atual disputa pela Presidência da República. A outra foi oficializada ontem, formada por Tebet e Mara Gabrilli (PSDB). O prazo legal para a indicação é sexta-feira, quando terminam as convenções partidárias.

O evento do União Brasil contou com a participação de Bivar, dos deputados federais Geninho Zuliani e Junior Bozella, e do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite.

De acordo com o vice-presidente da sigla, Antônio Rueda, o nome de Soraya como candidata à Presidência teve “aceitação excepcional dentro do partido”.

No mesmo evento, o União Brasil confirmou a indicação de Geninho Zuliani para vice na chapa à reeleição do governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB). De acordo com o próprio deputado, Garcia deve definir se aceitará a indicação nos próximos dias.

A vaga de vice na chapa de Garcia é disputada por dois partidos aliados, União Brasil e MDB. Se aceitar o apoio do União, o tempo da propaganda eleitoral do governador paulista na TV pode dobrar.

O MDB cobra o acordo selado com o ex-prefeito Bruno Covas para a escolha do nome, tarefa que agora caberia ao prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB).

O nome indicado pelo partido é o do ex-secretário municipal de Saúde Edson Aparecido, um dos fundadores do PSDB, que deixou o partido há três meses para ser vice do governador.

A situação tem desgastado a relação de Garcia com Nunes. O governador não compareceu ao evento do União Brasil nem à oficialização da senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) como candidata a vice de Tebet.

Segundo o prefeito Ricardo Nunes, Garcia está inclinado a manter o acordo planejado e aceitar o vice emedebista. Nesse caso, a indicação do candidato ao Senado será feita pelo União Brasil.

O Globo