Candidatos olavistas estão em baixa

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Foto: Reprodução

Na primeira metade do governo Bolsonaro, alunos do guru Olavo de Carvalho (1947-2022) gozaram de grande relevância política e protagonizaram uma espécie de disputa com militares e gestores mais técnicos para ver quem tinha maior poder: a ala ideológica/olavista ou a ala militar/pragmática.

Chegando ao fim da administração, porém, uma nova ala, a dos políticos do Centrão, foi a “terceira via” que quebrou essa “polarização” interna, tomou poder dos políticos fardados e praticamente acabou com a influência do olavismo.

Tanto que, perto do período eleitoral, nenhum ex-aluno de Olavo disputa cargos majoritários. Olavistas que cogitaram candidaturas a governos estaduais, Senado ou até vice-presidência da República estão com planos mais modestos, sem apoio da família Bolsonaro e enfrentando uma perda contínua de relevância e engajamento nas redes sociais.

É o caso do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub (PMB-SP), que rompeu aos poucos com Bolsonaro desde sua demissão, em junho de 2020, apesar de ter sido indicado pelo governo a um cargo de direção no Banco Mundial.

De volta ao Brasil este ano, Weintraub se esforçou para construir uma candidatura ao governo paulista como uma alternativa “verdadeiramente conservadora” ao candidato oficial do bolsonarismo, o também ex-ministro Tarcísio Freitas (Republicanos), integrante da “ala militar”.

Não deu certo e, no último domingo (31/7), Abraham e seu irmão, Arthur, que também é olavista, foi assessor especial de Bolsonaro e sonhava com o Senado, anunciaram que vão tentar vagas na Câmara dos Deputados.

Ex-colega de Weintraub no primeiro escalão, o ex-chanceler Ernesto Araújo, que usou ensinamentos de Olavo na atuação à frente da pasta, como a luta contra uma suposta conspiração global contra a cultura judaico-cristã, o globalismo, sequer terá seu nome nas urnas em novembro.

O diplomata foi cotado para candidaturas ao Senado pelo Distrito Federal ou por São Paulo e chegou a considerar tentar ser deputado, quando sua influência começou a cair. Acabou decidindo-se a não se candidatar a nada.

Outro ex-ministro olavista é Ricardo Salles (PL-SP), do Meio Ambiente, que falhou em construir uma candidatura ao Senado na chapa de Tarcísio e vai tentar ser deputado federal. Olavistas que ocuparam cargos em escalões menores ou se elegeram para a Câmara na onda bolsonarista de 2018 também ensaiaram voos mais altos, mas não será dessa vez.

As deputadas federais Carla Zambelli (PL-SP) e Bia Kicis (PL-DF) tentaram candidaturas ao Senado em seus ninhos eleitorais, mas a campanha de Bolsonaro preferiu mantê-las na Câmara.

Um dos olavistas que sobreviveu ao governo todo poderá ter a chance de ao menos estar em uma chapa que se vai se candidatar ao Senado. Trata-se do assessor especial da Presidência da República Tércio Arnaud Tomaz (PL-PB). Ele foi apontado como espécie de coordenador do “gabinete do ódio” do Planalto e combinou de ser o 1º suplente de Bruno Roberto (PL-PB), candidato ao Senado pela Paraíba.

A própria candidatura de Bruno Roberto, porém, corre riscos. Ele havia acertado estar na chapa do ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSC), mas o candidato ao governo sinalizou no último domingo (31/7) que quer Efraim Filho (União Brasil) como seu nome ao Senado pelo estado.

Outro olavista famoso e que não perdeu o emprego no governo foi o assessor para assuntos internacionais Filipe Martins. A influência dele, porém, caiu continuamente desde o fim da gestão de Ernesto Araújo no Itamaraty e ele não chegou a este ano com grande viabilidade eleitoral.

Apesar de ter sido absolvido, Martins também ficou queimado por ter sido acusado acusado de ter feito um gesto associado a supremacistas brancos no Senado em março do ano passado, às costas de Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente da Casa. Nessa sessão, o então chanceler Ernesto Araújo falava sobre a pandemia.

O próprio Olavo de Carvalho se distanciou dos Bolsonaro ao longo do governo e fez críticas à gestão em mais de uma vez. Essas críticas motivaram olavistas desgarrados a usar as palavras do guru para pavimentar candidaturas longe do apoio de Bolsonaro, mas não deu certo.

Roxane Carvalho, viúva do polemista, se indignou ao saber que os Weintraub, por exemplo, vinham usado vídeos de Olavo com críticas a Bolsonaro como material de campanha.

Roxane escreveu no Facebook que Olavo só se exaltou com Bolsonaro quando sentia que precisava “corrigir a rota que o amigo estava seguindo, no sentido de ajudá-lo a não se afastar do seu destino originário”.

“Ele sempre depositou a maior confiança em Bolsonaro. Considerava-o um amigo e assim permaneceu até o último dia. Quem quer que tente dizer o contrário está equivocado ou mal-intencionado, não há terceira opção”, afirmou a viúva.

Metrópoles