Deputada psolista denuncia ameaça de morte e estupro
Foto: Divulgação/ Câmara dos Deputados
A deputada federal e líder do PSOL na Câmara, Sâmia Bomfim (SP), prestou queixa na última sexta-feira após receber ameaça de estupro e morte via e-mail. Na mensagem, o autor diz que a parlamentar não continuará a exercer a função em 2023 porque será amarrada e estuprada na frente do filho, Hugo, de um ano, e do marido, o também deputado Glauber Braga (PSOL-RJ).O trecho do e-mail compartilhado pela parlamentar é finalizado com palavras homofóbicas e antissemitas. A Polícia Civil do Estado de São Paulo abriu um inquérito e investiga a autoria do crime.
Em postagem no Instagram, Sâmia disse que chegou a pensar em não divulgar o caso: “Refleti que, mesmo não sendo a primeira ameaça, foi a mais grave e perversa. Muito semelhante às que foram dirigidas à Manuela D’Ávila e Duda Salabert”, afirmou a deputada.
Nesta segunda-feira, a ex-deputada e antiga vice na chapa de Fernando Haddad à Presidência em 2018, divulgou mensagem com novos ataques a ela e sua filha, Laura, de seis anos. No final de maio, Manuela D’Ávila (PCdoB) desistiu da corrida ao Senado Federal. Entre os motivos alegados, Manuela citou as recorrentes ameaças nos últimos sete anos. “Ser uma mulher pública no Brasil é ser ameaçada permanente. É conviver com a ameaça de estupro como correção pela coragem, com a ameaça de morte como silenciador”, escreveu à época na publicação.
A vereadora de Belo Horizonte e pré-candidata a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) também compartilhou nesta segunda trechos de um e-mail que recebeu, com intimidações direcionadas a ela e sua família. Assim como no caso de Sâmia, havia uma assinatura com saudação nazista.
Sobre os ataques, a líder do PSOL ressaltou que é importante identificar os criminosos: “A violência de gênero não pode ser naturalizada. Essa agressão fascista contra as mulheres na política precisa parar. É fundamental responsabilizar os autores de cada um desses ataques. Mas, ao mesmo tempo, é preciso derrotar quem os estimulam”.
Em ano eleitoral, a lei sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em agosto do ano passado, prevê a punição para crimes de violência política de gênero para candidatas. Após a aprovação, tornou-se crime passível de pena de um a quatro anos de prisão “assediar, constranger, humilhar, perseguir, ameaçar, menosprezar ou discriminar à condição de mulher”. A legislação também vale para mulheres que já ocupam cargos eletivos.
Leia na íntegra o texto da deputada:
Quinta-feira passada recebi um email de uma pessoa ameaçando me estuprar e matar na frente do meu filho de 1 ano. Na mensagem, o autor também mencionava que eu não estaria na Câmara dos Deputados ano que vem, que aquele lugar seria ocupado por outras pessoas. Além disso, o e-mail possuía sinalização nazista.
Conversei com minha equipe e decidi fazer um boletim de ocorrência no dia seguinte. Cheguei a pensar em não divulgar. Mas refleti que, mesmo não sendo a primeira ameaça, foi a mais grave e perversa. Muito semelhante às que foram dirigidas à Manuela D’Ávila e Duda Salabert.
Estou bem, tranquila e convicta de que o autor desse ataque deseja me ver paralisada e rendida. Não darei jamais esse prazer nem a ele nem a todos aqueles que me atacam diariamente. Me apoio na imensa maioria de pessoas que tenho a responsabilidade de representar na política.
A violência de gênero não pode ser naturalizada. Essa agressão fascista contra as mulheres na política precisa parar. É fundamental responsabilizar os autores de cada um desses ataques. Mas, ao mesmo tempo, é preciso derrotar quem os estimulam.
Desde já, agradeço por todo apoio. Seguirei firme, não abaixarei a cabeça e convido todas as mulheres a se levantarem contra o machismo estrutural que busca nos impedir de avançar. Estejam certos: não recuaremos um milímetro sequer.