Deputados que apoiam Bolsonaro são mais ricos

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Foto: Zanone Fraissat/Folhapress

Os deputados da coligação de Jair Bolsonaro (PL) declararam, na média, um patrimônio que representa o dobro do informado por parlamentares que apoiam a eleição do ex-presidente Lula (PT).

Candidatos do PP, PL e Republicanos que disputam a reeleição na Câmara dos Deputados —as três siglas formam a coligação de Bolsonaro— afirmam ter, em média, R$ 1,9 milhão em bens. Na coligação de Lula, composta por dez partidos, o patrimônio médio é de R$ 900 mil.

Agir, Avante, PC do B, Pros, PSB, PSOL, PV, Solidariedade e Rede apoiam a tentativa de Lula de voltar ao Palácio do Planalto.

Na separação por partido, o PDT foi a sigla com o maior patrimônio médio por parlamentar, entre aquelas que têm mais de dez deputados. São R$ 4,9 milhões em bens declarados ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em média, para cada um dos seus 13 deputados.

Em segundo lugar está o PSD, com 40 deputados e R$ 3 milhões de patrimônio para cada um deles em média. O terceiro lugar é do PP, com 42 parlamentares e média de R$ 2,5 milhões.

O PT é quem tem os deputados com o menor patrimônio declarado. São R$ 900 mil em média para cada um dos 49 parlamentares.

No levantamento foram considerados todos os candidatos em 2022 que exerceram mandato na última legislatura, ainda que tenham deixado o cargo ou que concorram a um posto diferente do ocupado.

Os 144 deputados que se candidataram pela coligação que apoia Bolsonaro somam R$ 262,7 milhões em patrimônio. Já os 83 da coligação de Lula declararam um total de R$ 77,4 milhões.

Há uma disparidade também no recorte por gênero. Homens têm quase o dobro do que as mulheres —R$ 2,2 milhões contra R$ 1,2 milhão.

A lei prevê cota de ao menos 30% de vagas e de verbas para mulheres. Na atual disputa, o voto em candidatas contará em dobro no cálculo de divisão das verbas públicas para os partidos.

Os três deputados que tiveram o maior aumento no patrimônio declarado em números absolutos são homens: José Nelto (Podemos), com um ganho de R$ 40 milhões entre 2018 e 2022, Hercílio Diniz (MDB), com um salto de R$ 27 milhões, e Misael Varella (PSD), com avanço de R$ 23 milhões.

Dos três, somente Diniz respondeu aos questionamentos da reportagem. “O parlamentar é empresário e a sua evolução patrimonial se deve ao crescimento das empresas das quais ele é sócio”, disse sua assessoria de imprensa, acrescentando que esses dados foram devidamente declarados à Receita Federal.

Todos os candidatos a cargos eletivos precisam declarar o patrimônio ao TSE, mas o caráter genérico da legislação e a fragilidade dos órgãos de fiscalização levam, em muitos casos, a informações que não condizem com a realidade.

A informação é fornecida pelo próprio candidato e não é checada pelo tribunal. Eventuais incorreções e omissões podem resultar em processo por falsidade ideológica eleitoral, mas condenações são improváveis.

A divulgação dos bens dos candidatos tem, entre outros objetivos, permitir aos eleitores acompanhar e eventualmente identificar evoluções patrimoniais suspeitas ou conflitos de interesse.

Neste ano, o TSE tentou restringir a divulgação de informações sobre os bens dos candidatos ao interpretar a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Isso impediria que eleitores e a sociedade em geral saibam, por exemplo, o nome das empresas pertencentes a quem está disputando os cargos de presidente da República, governador, senador ou deputado.

Depois de a situação ter sido revelada, o TSE voltou atrás e decidiu nesta quinta-feira (18) disponibilizar o detalhamento do patrimônio declarado pelos candidatos. O tribunal não informou, porém, quando isso será implantado.

Além de tentar vencer as eleições para presidente, os candidatos ao Palácio do Planalto buscam também reforçar a sua base de apoio no Congresso Nacional.

O número de policiais militares que vão se candidatar nas eleições deste ano cresceu novamente e já está entre as dez profissões com o maior número de candidatos.

Alguns policias integram o Proarmas, maior grupo armamentista do país, que apoia candidatos em quase todos os estados. Entre eles, há investigados por homicídio e violência doméstica.

Folha