Eleitor de Lula é o mais pessimista
Foto: Bruno Santos – 21.jun.22/Folhapress
Os eleitores que pretendem votar no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acreditam que há mais chances de ocorrer uma nova ditadura no país, mostra a última pesquisa Datafolha, realizada na semana passada.
Três em cada quatro deles acham que a democracia é a melhor forma de governo, seguindo o eleitorado em geral, mas eles têm uma inclinação numericamente maior que os apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) e de Ciro Gomes (PDT) em pensar que “tanto faz” uma democracia ou ditadura.
Os adeptos do petista também se mostram mais pessimistas quando questionados sobre o futuro da economia do Brasil e de sua própria situação financeira. Lula tem mais adesão entre quem recebe o Auxílio Brasil, mas o atual presidente tem avançado sobre esse grupo.
Veja abaixo o que pensam as pessoas que têm o ex-presidente como primeira opção sobre esses dois temas (democracia e economia), incluídos na rodada mais recente do levantamento, contratado pela Folha e pela TV Globo e registrado sob o número BR-09404/2022.
Foram 5.744 entrevistados de 16 anos ou mais, incluindo 2.626 eleitores de Lula, 1.799 eleitores de Bolsonaro e 460 eleitores de Ciro. Nesse último grupo, a margem de erro total de dois pontos percentuais sobe para cinco. A amostra dos demais candidatos é muito pequena para a análise.
Cerca de metade dos eleitores de Lula acreditam na possibilidade de haver uma nova ditadura no Brasil, contra um terço entre os apoiadores de Bolsonaro: 24% dos lulistas veem muita chance e 28%, um pouco de chance de o regime ser instaurado.
Quanto à concordância com a democracia, eles seguem o eleitorado em geral: 74% acham que essa é a melhor forma de governo, ante 75% do total. Outros 6% pensam que, “em certas circunstâncias, é melhor uma ditadura”, próximo aos 7% totais.
Os adeptos do petista, porém, têm um índice maior dos que acreditam que “tanto faz se o governo é uma democracia ou uma ditadura” —13% concordam com a frase, contra 10% dos eleitores de Bolsonaro e 9% dos de Ciro, diferença que fica dentro das margens de erro.
A pesquisa aponta que 24% dos que pretendem votar em Lula acham que a situação econômica do país vai piorar nos próximos meses, contra 18% do eleitorado em geral. Eles, porém, estão mais inclinados a pensar que tudo vai continuar igual (32%, contra 28%).
Quanto à sua própria condição financeira, os lulistas são um pouco mais otimistas, mas não tanto: 51% dizem acreditar que ela vá melhorar, ante 58% do total. Outros 11% preveem piora, próximo à média geral de 8% e muito acima dos bolsonaristas (só 2%).
O ex-presidente ainda lidera entre os que recebem o Auxílio Brasil ou outro benefício como o vale gás ou os concedidos a caminhoneiros e taxistas recentemente (31% dos seus eleitores são beneficiários). Bolsonaro, porém, tem avançado nesse grupo, com 24%.