Evangélicos pobres jogam areia no mingau bolsonarista

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Foto: Reprodução e Cristiano Mariz

A vantagem do presidente Jair Bolsonaro (PL) entre os evangélicos na corrida eleitoral só não é maior porque a camada mais pobre dos fiéis se divide entre o apoio ao candidato à reeleição e o voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Novo recorte da pesquisa Datafolha divulgado nesta quinta-feira pelo jornal “Folha de S.Paulo” mostra que o petista consegue empatar com Bolsonaro na disputa pelo apoio dos evangélicos de baixa renda.

Segundo o levantamento, 41% dos fiéis que vivem com até dois salários mínimos por mês declaram voto no ex-presidente, contra 38% que apoiam Bolsonaro. A margem de erro estimada para esse grupo específico é de quatro pontos percentuais para mais ou menos.

Já entre os evangélicos que ganham valores superiores a essa quantia, Bolsonaro é a escolha de 61% já no primeiro turno e Lula, de 22%. A ampla margem a favor do atual presidente nesse grupo faz com que o candidato à reeleição garanta hoje o apoio de metade (49%) do total de evangélicos, contra 32% do petista.

Os dados do Datafolha mostram que o atual cenário eleitoral é de acentuada divisão entre os votos de evangélicos e católicos (esses mais inclinados a Lula) e entre ricos e pobres. A população de menor renda, seja ela cristã ou não, é a que mais enfrenta dificuldades impostas pela inflação. É nessa camada que o candidato petista tem maior apoio, e onde Bolsonaro encontra mais resistência.

O governo do candidato à reeleição é avaliado como bom ou ótimo por 35% dos fiéis de baixa renda, enquanto 34% o consideram ruim ou péssimo. No grupo de rendimentos mais elevados, a aprovação salta para 54%, com só 20% demonstrando insatisfação com a atual gestão federal.

Essa percepção mais negativa que a parcela pobre dos religiosos tem em relação ao governo se reflete na rejeição a Bolsonaro. São 44% dos evangélicos de baixa renda — que representam 53% do total de fiéis entrevistados pelo Datafolha — os que dizem não votar no presidente de jeito nenhum. Na camada de religiosos que ganham acima de dois salários mínimos mensais, essa taxa é de 24%.

O Datafolha entrevistou 5.744 eleitores em 281 municípios. A margem de erro estimada para a pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%. O levantamento está registrado junto à Justiça Eleitoral sob o número BR-09404/2022.

O Globo