Justiça vê ligação entre empresários e Planalto

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Reprodução: Metrópoles

Juiz auxiliar de Alexandre de Moraes, Airton Vieira declarou ver ligações entre empresários investigados por defenderem um golpe de Estado em grupo no WhatsApp e o “gabinete do ódio”.

A avaliação está no documento em que o juiz recomenda a Moraes que decrete as medidas solicitadas pela Polícia Federal para investigar os executivos.

Airton Vieira relaciona a atuação de empresários citados na atual investigação, como Luciano Hang, proprietário das lojas Havan, Afrânio Barreira, do Coco Bambu, e Malon Bonilha, da fábrica de motopeças ProTorkcom, a outros inquéritos abertos pelo Supremo Tribunal Federal, como o dos atos antidemocráticos, das fake news e das milícias digitais.

Em organograma sobre a ligação entre os personagens e atuação do que ele chama de “organização criminosa”, o juiz coloca na base da pirâmide a comparação com o gabinete do ódio. E cita os empresários investigados como “núcleo financeiro” com o objetivo de “atacar integrantes das instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro, reforçar o discurso de ódio”.

São citados os nomes de Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Felipe Mateus Matos, servidores ligados ao vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente, Carlos Bolsonaro (Republicanos), que passaram a ser chamados de integrantes do gabinete do ódio por produzirem relatórios diários, com suas interpretações, sobre fatos do Brasil e do mundo.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou pública, nesta segunda-feira (29/8), a decisão que embasou os mandados de busca e apreensão contra um grupo de empresários investigados por defenderem um golpe de Estado. O caso foi revelado pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles.

A medida teve como base a reportagem do Metrópoles; pedidos de diversos parlamentares; cruzamento de dados com o inquérito das milícias digitais e; solicitação da Polícia Federal.

A manifestação sustenta ligação entre as investigações em diversas áreas e coloca a distribuição do pedido de busca e apreensão como prevenção aos autos do inquérito dos atos antidemocráticos, “em virtude da presença de fortes indícios e significativas provas apontando para a existência de verdadeira ‘organização criminosa’, de forte atuação digital e com ‘núcleos de produção’, de publicação, de financiamento e político, com a nítida finalidade de atentar contra a democracia e do Estado de Direito”.

Conforme o ministro, as notícias veiculadas na Petição (PET) 10543 (que trata das mensagens dos empresários) guardam relação com o rumo de investigações nos Inquéritos (INQ) 4781, 4828, 4879, 4888 e 4.74/DF. Todos eles voltados ao possível financiamento de notícias fraudulentas, discurso de ódio e de ataques orquestrados às instituições públicas, às urnas e a reforçar o discurso polarizado, provendo do descrédito dos Poderes da República, envolvendo empresários investigados desde 2019.

O material indica que as provas juntadas nos autos, somadas a outros fortes indícios que estão sendo analisados há três anos, apontam a possível participação de empresários, anteriormente do grupo “Brasil 200 Empresarial”, e, atualmente, do grupo “WhatsApp Empresários & Política”, citados na representação da Polícia Federal, em financiamento na produção e divulgação de notícias fraudulentas e na organização de atos antidemocráticos.

Assim, Moraes considerou que as mensagens “com caráter eminentemente antidemocrático” não podem ser ignoradas às vésperas do dia 7 de setembro.

Inquérito Empresários bolsonaristas

Moraes requereu o acesso imediato e exploração do conteúdo dos aparelhos celulares, além de conteúdo localizado “em nuvens” dos empresários. A justificativa foi de que as “as condutas investigadas podem resultar em ações violentas. Assim, as medidas tomadas se mostram necessários para o cruzamento dos dados”.

Além disso, o ministro considerou que as condutas dos empresários podem incorrer em incitação ao crime, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e em golpe de Estado, conforme detalhou a PF.

Moraes pediu o bloqueio das contas bancárias dos investigados, “diante da possibilidade de utilização de recursos para o financiamento de atos ilícitos e antidemocráticos, com objetivo de interromper a lesão ou ameaça ao direito”.

Confira os nomes dos alvos: Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, do grupo Multiplan; José Koury, dono do shopping Barra World; Luciano Hang, da rede de lojas Havan; Luiz André Tissot, da Sierra Móveis; Marco Aurélio Raymundo, da Mormaii; e Meyer Joseph Nigri, da Tecnisa.

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Metrópoles