Lula refresca memória de empresários

Destaque, Todos os posts, Últimas notícias

Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo

O ex-presidente Lula está em campanha para se reaproximar da elite econômica. Quer reconstruir pontes com os donos do dinheiro, que dão sinais de cansaço com as presepadas de Jair Bolsonaro.

Ontem o petista foi recebido na sede da Fiesp, quartel-general do empresariado paulista. Seu discurso de uma hora e meia pode ser resumido numa frase: “O Brasil precisa voltar à normalidade”.

Em tom conciliador, Lula prometeu restaurar a calmaria depois de quatro anos de tormenta bolsonarista. “Vou repetir três palavras que fazem parte do meu dicionário: credibilidade, estabilidade e previsibilidade”, recitou.

O ex-presidente evitou detalhar seus planos, mas disse que ouvirá empresários e trabalhadores antes de tomar decisões na economia. E garantiu que seu governo não baixará pacotes da noite para o dia. “Nada será feito de surpresa”, resumiu.

No dia em que o governo começou a pagar o Auxílio Brasil turbinado, Lula acusou Bolsonaro de promover a “maior distribuição de dinheiro que uma campanha política já viu”. Ele ainda prometeu fazer uma reforma administrativa, antiga reivindicação do patronato.

Apesar do empenho para agradar a plateia endinheirada, o petista reclamou do tratamento que julga receber da elite. Disse se sentir “ofendido” com as cobranças para que fale mais em responsabilidade fiscal. E se queixou de setores do agronegócio que insistiriam em pintá-lo como um “monstro”. “Nós queremos apenas a chance de conversar”, afirmou. “Aqueles mais raivosos, só precisa ver se não estão armados…”

Em outro momento, Lula admitiu que “muita gente ficou assustada” com sua promessa de revogar a reforma trabalhista. E se irritou ao lembrar o apoio empresarial à Lava-Jato. “Um fedelho chamado Dallagnol encheu a cabeça de vocês de mentiras”, esbravejou.

No auge da operação, a Fiesp abraçou o antipetismo e se engajou na campanha pelo impeachment de Dilma Rousseff. Seis anos depois, a entidade é comandada pelo herdeiro de José Alencar, vice-presidente nos mandatos lulistas.

Ontem o líder das pesquisas elogiou o pai para amolecer o coração do filho. E ainda piscou para os industriais que desistiram de Bolsonaro, mas flertam com a candidatura claudicante de Simone Tebet. “Na história da humanidade não existe terceira via. Deus e o diabo polarizam há quantos anos?”, ironizou.

O Globo